Trump e o perigo do totalitarismo de ultra-direita

Completando a comparação que não pode deixar de ser feita só porque ele virou presidente e o mais importante replicando uma resposta rápida

Marcus Brancaglione
4 min readNov 10, 2016

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A proposta de Michael Moore

Destaco as que são “universais” da sua “ Morning After To-Do List”:

“ 2. Dispensar todos os repórteres, editores, pesquisadores e qualquer outra pessoa na mídia que tivesse uma narrativa que não deixaria de lado e se recusasse a ouvir ou a reconhecer o que realmente estava acontecendo. Essas mesmas pessoas agora nos dizem que devemos “superar a divisão” e “vir junto”. Desligue-os”.

“4. Todos devem parar de dizer que estão “atordoados” e “chocados”. O que você quer dizer é que você estava em uma bolha e não estava prestando atenção aos seus colegas americanos e o desespero deles. ANOS sendo negligenciados por ambas os partidos, a raiva e a necessidade de vingança contra o sistema só fez aumentar. Junto, também veio uma estrela da tevê que eles gostaram e cujo plano era destruir os partidos e dizer-lhes “Vocês estão demitidos!”. A vitória de Trump não é nenhuma surpresa. Ele nunca foi uma piada. Tratá-lo como uma só o fortaleceu. Ele é tanto uma criatura como uma criação da mídia e os meios de comunicação nunca irão entender isso.”

Talvez muita gente deva estar pensando, não. O negócio é ir na do Trump, na das midias. É hora da união. Ele não vai fazer nada.

Afinal, em qual Trump devemos acreditar: o conciliador ou no raivoso? Na midia que o despreza ou de repente o respeita?

Não sei quanto a você mas me parece ser o mais razoável não acreditar em nenhum dos dois e pelo mesmo motivo. O ente que tem duas-caras não tem nenhuma. Ou pior qualquer uma. E é portanto capaz de qualquer coisa, especialmente quando (como agora) detém o poder maior.

Se isso por si só não é um perigo suficiente para tirar as pessoas da vontade eterna de se acomodar e conformar; se esse não é o choque de realidade que as pessoas precisavam para acordar; não tem jeito… infelizmente o próximo choque será o derradeiro. E pagar ver isso (isso?) é pior do que fazer roleta russa.

É por essa razão que entre a proposta honesta do Moore e a dos mentirosos compulsivos do Trump e falsificadores de fatos e dados dos “profissionais” da midia, meu apoio vai para a primeira.

Ser preguiçoso e acreditar no que é mais comodo e reconfortante é algo compreensível, mas desqualificar os argumentos de quem acabou de prever o que ia acontecer, em favor de quem até o último instante tentou manipular os resultados e se deu mau, mesmo sabendo que estava correndo (e colocando todos em) riscos enormes, isso não é de um comodismo absurdo… isso é de uma estupidez insana.

É preciso ser muito corno conformado midiático-governista para mal ter sido enganado e já embarcar de novo em outra invenção midiática: o Trumpinho paz e amor? Vai nessa vai , olha aí o que deu a última.

Ô culto desgraçado a quem chega ao poder. Ô vontade de crer se ajoelhar e idolatrar poderosos pusilânime.

Fique atento. Para não engolir de novo de anzol e linha mais uma merda de quem te ganha para te engana e se arrebentaram todo errando feio. Porque não prestar mais atenção nos argumentos de quem consegui acertar a realidade? Eles não anteviram o futuro porque são videntes, mas porque como bem disse Moore, não estão vivendo nestas bolhas de servidão e alienação. Ouvi-los já não é mais uma questão de moralidade e humanismo, é uma questão de interesse e inteligência. Pragmatismo puro — no bom sentido da palavra de quem não quer ser servo, otário, nem muito menos alvo.

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Marcus Brancaglione

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.