Terrorismo: Mais do que lamentar ou pedir retaliação está na hora de se perguntar: É realmente tão fácil assim matar dentro do Estados-Nacionais?

Marcus Brancaglione
8 min readJul 15, 2016

Geralmente o efeito de um ataque terrorista sobre pacifistas e humanistas é apenas a consternação e o silencio. Já com os belicistas e nacionalistas é o oposto, sua consternação é rapidamente já substituída pelas medidas que tanto esperam por tomar. Como se o ataque fosse a confirmação que esperam para justificar seus atos e racionalizar seus discursos.

Medo, comoção e muita raiva. A dor o ódio e a vingança de quem é atingido pela violência são mais do que compreensíveis, e pedir para as pessoas que as sofrem simplesmente não se deixe levar por elas é absolutamente sem sentido. Até porque nunca são as vítimas os problemas, mas os algozes. Todos eles, tanto os fanáticos que estão na ponta explodindo seu ódio, quanto todos os que mantém suas posições politicas e econômicas justamente alimentando essa guerra de terror.

Faz mais de vinte anos que a guerra ao Terror começou e o que ela consegui? O mesmo que todas as guerras conseguem espalhar o terror e a violência pelo mundo inteiro.

E não poucos crimes mais hediondos de quem ocupe o poder do que canalizar a dor da perda para aumentar a força politica e armada ao custo da perda de mais vidas inocentes e a perpetuação insustentável desse ciclo maldito de discórdia.

Em algum momento dentro ou fora desse turbilhão precisamos dar um basta a esse uso perverso e abjeto do sofrimento e medo da perda para promover mais mortes e dominação, se quisermos quebrar esse ciclo de violência. O perdão é importante, mas sozinho ele é não só é muito pouco, é ingênuo. É entregar-se como cordeiro a lobos que sempre serão lobos. É preciso sim ser capaz de perdoar, mas antes há primeiro que se desarmar todos lobos. Todos, para que eles enquanto você estende sua mão não cometam na calada da noite mais atrocidades.

Então não vou deixar para outro momento para dizer o que precisa ser dito agora, até em respeito as corpos das pessoas mortas que esses necrofágos malditos já se preparam para devorar em nome da sua causa desumana.

Total repudio não só aos terroristas, mas aos estadistas e seus governos que além de não conseguir estabelecer um serviço de inteligencia minimamente capaz ou com a finalidade de cumprir sua função e proteger a população, ainda por cima, se aproveitam da sua fragilidade emocional para lançar seus decretos e ações que só ampliaram os crimes contra ela e a humanidade como um todo. Ou seja prometendo mais vigilância contra o próprio povo e bombardeios que matarão mais gente inocentes. Prometendo aumentar a produção da sua fabrica de ódio fanatismo e terror. sobretudo contra sua própria nação. Até porque infelizmente estados e nações não estão ainda devidamente separados.

É importante notar que além de não fazer o que é necessário, sequer lidar ou tocar na questão, eles aceleram e dobram a aposta naquilo que não só é o desnecessário, mas a fonte geradora desse problema.

Logo não vou nem falar das causas históricas que geraram ou mesmas geopolíticas que retroalimenta esse ataque. Não preciso, porque ao falar do que é preciso para por um fim neles, estarei também falando automaticamente no fim tanto das suas causas geradoras quanto dos processos que impedem os povos de se defenderem contra o terrorismo. E isto por um motivo simples: eles são o mesmo.

A pergunta que precisa ser portanto feita é:

Como, Como é possível Estados-Nações com orçamentos militares gigantescos, poder bélico e de vigilância ainda sequer devidamente mensurado pode ser assim tão vulneráveis, tão incompetentes e incapazes de defender seus povos?

Essa é uma pergunta que deve ficar em aberto. Não deve ser respondida, sem uma investigação profunda. E por um simples motivo:

Um Estado ou governo incapaz de prover a segurança nacional é em seus próprios termos mais do um estado falido, é um estado ilegitimo ainda que não tenha sido deposto nem pelas forças externas que o atacam, ou pelo próprio povo antes de cair.

Onde então estão as falhas? Em quê dobrar a aposta nesta estratégia de vigilância e agressão externa vai ajudar?

Quais as consequências delas? O fim dos ataques? Ou o fortalecimento do domínio governamental sobre uma população dominada pelo medo? E a pergunta cabal: Para onde é que ela irá levar os povos do mundo?

Se a prisão dos pobres é a pobreza, qualquer rico esteja ele a norte ou sul do equador, quando cai a noite sabe qual é a sua: o medo da violência.

O que vou afirmar a seguir não é a resposta a questão, porque como disse a questão demanda investigação. Mas ainda sim não podemos esperar por ela, e precisamos de respostas contra-violentas urgentes. Ao menos nós que não ansiamos nem lucraremos, mas perderemos mais vidas com as quais nos importamos com mais conflitos generalizados:

Os Estados-Nações não são máquinas desenhados para proteger as nações, mas para expandir o domínio das classes governantes sobre os territórios e seus recursos naturais e humanas. Elas são apenas instrumento obsoletos, são instrumentos inúteis de proteção da vida, porque seus aparatos não podem ser adaptados para servir a sociedade. Seria como tentar adaptar um revolver para servir de bisturi a uma cirurgia cerebral. Mesmo que tivessem boas intenções em cada invasão ou ocupação de um território estrangeiro. Eles são dinossauros em cristaleiras, eles simplesmente não pisoteiam tudo, eles explodem, e nada é mais estupido e impreciso do que bomba. E o pior de tudo é que não há quem comande essa máquina que não saiba ou não se aperceba disso antes que qualquer outro.

Pense como um terrorista ou estadista. Porque eles pensam exatamente da mesma maneira. Imagine o maior problema do Brasil. Imaginou? Então Geolocalize. Não, não precisa nem dizer onde é. Agora, imagine um ataque seja estatal ou de terrorista. Quantas inocentes morreriam? Ou melhor, qual é a sua certeza de que não morreriam só os inocentes? E sabendo disso, o que afinal de contas você quer com isso?

Esse é o ponto. Ter um nação governada por um estadista é a mesma coisa que ter um hospital administrado por um carniceiro. E não adianta trazer um médicos cirurgiões para trabalhar nele, enquanto eles forem obrigados a operaram com revolver e não bisturis.

A violência não está necessária na força, mas no dano provocado pela falta de inteligência. Da mesma forma que a defesa pelo mesmo principio inteligente não está absolutamente em força ou potencia de ataque ou reação nenhuma, mas na invulnerabilidade a agressão, ou melhor ainda na imponderabilidade da agressão, a eliminação das razões e motivações que tornam mesmo um ser frágil um alvo ou um predador.

A pergunta que devemos nos fazer é qual é o tamanho do investimento dos estados para provocar conflitos, subsidiar os ganhos de quem lucra com eles e aumentando a exposição dos inocentes a ataques. E qual é o tamanho do investimento em segurança de verdade, aquela que tanto reduz as causas internas e externas das tensões sociais e econômicas dos quais se servem os recrutadores de fanáticos sejam eles religiosos ou nacionalistas.

Sei que muito dessas informações estão em caixas-pretas, são segredos de Estado, é claro que são. São os livros caixa da cosa dos vendedores de paz com violência mais antigas do mundo. Mas mesmo assim precisamos levar em conta esse calculo estatal se quisermos entender o porque da incapacidade do Estado e qual as consequências da persistência num remédio que não só não está funcionando, mas espalhando a doença por todo o corpo do paciente e por toda a sociedade como uma epidemia.

Por isso mesmo aqueles que não partilham da mesma visão libertárias, mesmo aqueles que cultuam poder e autoridades e até mesmo nacionalistas precisam por um instante recobrar a razão e ver o quão inconcebível é que Potencias com recursos para manter tropas em todos os cantos do planeta , espionar o mundo afora, manter bases, caças, porta-aviões bombardeiros em águas e territórios estrangeiros, capazes caçar um ditador em buracos, como essas aparelhos gigantescas e caríssimos não são capazes de proteger a vida próprios cidadãos dentro das suas fronteiras de um homem com uma caminhão de sorvete.

Se eu estiver certo e estas maquinas de guerra pudessem parar esses criminosos mas são dirigidas e comandas de modo a criar mais deles, então elas não são a solução de nada, mas o problema, o instrumento de defesa deliberadamente pervertido para fabricar mais terror.

Porém se eu estiver errado e for mesmo concebível que tamanha potencia seja mesmo cega estupida e incompetente, se essas máquinas estatais forem realmente inúteis e incapazes de proteger seus povos, então só cabe uma pergunta: porque é que essas pessoas gastam a riqueza do seu dinheiro e seu tempo trabalhando e pagando impostos para sustentá-las? Apenas para não ser atacado e preso por eles. Ora, então mandem dinheiro para as pessoas e lugares de onde saem os terroristas, porque sai mais barato que sustentar os seus governos ou o deles. Afinal de contas nem armas dão em árvore, nem gente ruim já nasce adulta. As duas coisas precisam ser plantadas e cultivadas com muito monopólio e muita violência.

Pergunto de novo: o que estamos esperando para começar a investir imediatamente em verdadeiros sistemas de proteção e profilaxia à violência? O que estamos esperando para decifrar esse enigma da finalidade dos Estados? Que ele nos devore?

Não há mais como dizer no mundo contemporâneo que não vemos a cadeia de causas e consequências das ações humanas, e que as coisas poderiam ser diferentes. Não podemos mais nos calar ou simplesmente seguir as ordens dos ditadores da violência.

Frear os cachorro loucos é o ridiculamente obvio. Isso não é resposta. Deter quem banca e ganha com essa fábrica de terror, esse sim é o verdadeiro desafio das sociedades e pessoas livres. Porque no que depender dos Estados-Nações isso só vai termina de um jeito, aliás o único jeito que eles sabem começar ou terminar qualquer coisa: guerra.

Como tenho tanta certeza disso? Como sei que o aparelho estatal vão seguir a programação e cumprir as finalidades a que foi projetado até o final? Por uma lógica incrivelmente simples: carros não voam. E quando voarem não serão mais carros.

Passarola? a barca voadora de Bartolomeu de Gusmão, mas pode chamar de balão

Mais do que nunca, há que se ter coragem.

Precisamos de democracias direta de verdade e com urgência. Ou vamos pagar mais caro do que imaginamos. Não podemos ter medo do gigantismo nem poder de destruição em massa de terroristas ou estadistas. Precisamos ter coragem para viver. Precisamos continuar e transcender esses estados de terror.

Talvez nem todos vejam ou ainda consigam sentir, mas senão antes, também na sua hora derradeira descobrirão: os únicos espíritos que morrem são aqueles que matam e e se deixam morrer assistindo impassíveis essa industria da morte. Sei que não há promessa ou metafisica que console a perda, mas não posse deixar de dizer: o espírito livre não morre, ele renasce num outro tempo e espaço. Nenhuma forma de energia, inteligência ou sua força vital simplesmente desaparece; o espirito libertário não se pára. não se mata, nem se prende ao mal que sofre, ele simplesmente se liberta, e se cria como nova vida num outro mundo conexo a sua vontade de viver. E não importa que esse mundo ainda não exista, toda vontade de viver é em relação ao vazio existencial onipotência infinita para criar tantos universos quanto forem as vidas a serem vividas e atração insuperável para juntas criarem novos mundos. Seja no transcendente ou sobre as ruínas dos velhos universos e suas almas mortas e devoradas pela sua própria-adoração a materialidade. Mas isso é literalmente uma história de outro mundo. E conhecê-la depende e muito de como lidamos com a nossa… aqui e agora.

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Marcus Brancaglione

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.