Renda Básica Para Todos!!!

Plebiscito na Suíça põe lenha na fogueira

Marcus Brancaglione
8 min readJun 5, 2016

Aqui no Brasil não vale nem a pena perder tempo citando as matérias que estão saindo sobre esse importante momento mundial da renda básica universal, e (como não dizer?) da democracia direta.

Por aqui quando não simplesmente se cala ou ridiculariza o tema, o tratamento é, evidentemente, o da desinformação. Quando não temos uma propaganda cheia de medo e preconceitos contra a renda, temos só propaganda político partidária mesmo- e estas (por mais incrível que pareça), tirando os gatos, são até mais informativas.

Veja como o tema é tratado

ou como coisa de doido:

Ou sonho da vagabundagem:

Até quando tem um ou outro artigo melhor, o título entrega a falta de coragem, conhecimento (ou seria ética mesmo?):

http://www.dw.com/pt/su%C3%AD%C3%A7os-votam-sobre-sal%C3%A1rio-b%C3%A1sico-para-todos/a-19305513

Não é por falta de fontes em alemão mesmo:

Por isso, até mesmo em nossa língua portuguesa, é melhor cruzar o Atlântico, para colher uma noticia que mereça um pouco mais esse nome:

A propósito por falar dos nossos amigos de Portugal segue o video da palestra do Professor Antonio Dores.

Quem se interessa pela renda básica no Brasil recomendo fortemente que troque ideias com esse grupo riquíssimo. Nossos debates com eles na Universidade de Lisboa foram para nós de suma importância para que retomássemos a experiência de Quatinga Velho. E não duvidem que mais hora menos hora que teremos novidades vinda também de lá!

Contudo quero falar um pouco também dos projetos citados no artigos.

Não conheço o pessoal da Finlândia, mas já sabia das dificuldades da Holanda. Não vai ser nada fácil por lá. Contudo, só pelo pouco que pude conhecer de Adriaan Planker, me arrisco a dizer que naquilo que depender dele, podem acreditar, esse projeto não vai ficar só nisso não.

Porém, se vocês querem fazer uma aposta, recomendo que fiquem de olho na Namíbia. Conheci o bispo Kameeta na BIEN 2010. Quando ele ainda era o responsável pelo projeto-piloto da Renda Básica na vila de Otjiviero-Omitara, o BIGNAM. Seu background é outro. O BIGNAM é um projeto social mais de base, não uma experiência academicista, de papel-palanque ou só pra inglês ver.

Mas e a Suíça?

O que vai dar?

Sondagens completamente extra-oficiais (chutes) mais otimistas dão até 45 por centos para o Sim. Ainda tem chances de até domingo chegar lá? Não sei, como espero que sim provavelmente qualquer prognostico meu, que obviamente é positivo, está completamente afetado pelas minhas expectativas.

Não vou disfarçar que no meu caso, não é chute é torcida mesmo:

Que a Suiça venha primeiro e abra o caminho ao mundo, não só porque isso vai ser virada, mas porque o movimento merece e isso somos testemunha estivemos com eles em 2010 em Basel, 2012 em Munique e de novo Basel em 2015. E fizemos tantos amigos Sylvia,Uschi, Babs, Eric, Dani, Enno, Ben, Lilli, Phil, Finn…e muitos outros.

Eles merecem e devemos muito a nossos amigos que muita gente não sabe, mas muito deles foram nossos principais divulgadores apoiadores e até mesmos os contribuintes mais constantes para o pagamento da Renda Básica aqui no Brasil em Quatinga Velho.

Contamos e fazemos votos para o resultado do plebiscito seja o sim, mas mesmo que não seja o domingo o dia da sua vitória definitiva, uma grande conquista já foi atingida. Talvez a mais importante para o movimento no mundo neste momento: Eles já fizeram sua marca; colocaram mais um fato concreto para nos ajudar a acreditar que não só um outro mundo é possível, mas para nos ajudar a tirar a cortina de um outro mundo que já está acontecendo! E pode chegar a qualquer momento!

Por isso eles sabem que o que vou dizer não é para eles, mas para fazer coro com eles

Que não nos esqueçamos que a Renda Básica é para todos, todos não desta ou daquela nacionalidade, raça, ricos ou pobres, brancos ou negros, toda a humanidade. Que não nos esqueçamos principalmente daqueles que mais precisam, não só dos lugares carentes de onde vieram os primeiros projetos-pilotos que nos ajudou a fazer e crer que essa utopia era possível, mas todos lugares que precisam deles e que não contam nem sequer com isso.

Porque no que depender da divisão internacional do trabalho e dos governos vendidos destas periferias do mundo podem ter certeza de uma coisa, ainda vai morrer ainda muita gente de fome ou a bala antes do fogo da tocha da democracia direta ou da Basic Income chegar aos governos.

Voltando ao BIGNAM e Namíbia

Sinceramente gostaria muito de ver a renda básica acontecendo em toda a Namíbia. Não só pela afinidade com o BIGNAM (chegamos até mesmo a ser indicados juntos duas vezes a premiações internacional que impede contratualmente de dizer o nome), mas também pelo fato de o país ter sido o o palco de uma das piores tragédias da humanidade: o primeiro holocausto do seculo XX. Uma renda básica lá seria uma mensagem bem clara de que o futuro que queremos e não queremos do seculo XXI para o sempre dos Estados e para a humanidade.

É óbvio que mais importante que este ou aquele país ou povo tenha sua renda básica e que todos nós a tenhamos. Independente de onde, o importante é que a renda básica surja e se espalhe para todos, como a fagulha do palheiro. Mas, não podemos nos esquecer o quão importante é que essa chama cruze o mais urgentemente as fronteiras mais bem vigiadas e chegue para aquecer também quem mais precisa (e não é de hoje), nos lugares que pela industria do homem foram feitos fins de mundo- literalmente.

A ordem dos fatores e lugares não altera o produto. Mas só se não pararmos para tergiversar. E não podemos parar, não importa o resultado. Que venha da Suíça, mas que não pare nela, nem em outros centros do mundo, que a chame brote também. E não mais como eterna promessa ou bolsas-famílias, mas como a prática que precisamos colocamos de pé.

Veja que loucura… Hoje até o Vale do Silício abraça a ideia dessas experiências!!!

É maravilhoso… e incrível. O que nós conseguimos fazer com tão pouco e com projetos tão pequeno e fomos em princípios desqualificados, hoje é buscado e replicado na mesma escala por empresas e governos com muitos mais recursos! Isto não é uma crítica a escala destes novos projetos. Finalmente se começa a entender que também ao social não importa o tamanho do embrião e sim a sua capacidade de crescimento, multiplicação e reprodução. O importante é isso, crescer e se multiplicar em rede e diversificada, e esta rede sem fronteiras nem donos da renda básica, está crescendo cada vez mais pelo mundo.

Quatinga Velho e Conclusão

Em outras palavras, aguardo com certa esperança e ansiedade duas notícias: obvio o resultado do plebiscito na Suíça. E o anuncio das medidas da Namíbia.

O primeiro saberemos logo. Já o segundo espero que Kameeta o faça antes ou até mesmo durante o Forum Social Mundial do Canadá. E claro que ele confirme a sua presença, porque agora para mim só falta o visto para estar lá com meus amigos do MFRB e poder defender a prática da renda básica no Brasil e no mundo como direito universal e cosmopolita.

E nós do ReCivitas? Quais são os próximos passos? Será que o processo pelo fim das condicionalidades do Bolsa-Família e em favor de uma Renda Básica terá saído da demanda?

Ou em que pé estará o nosso projeto de Quatinga Velho especialmente agora que está dentro da BasicIncomeStartup?

Não quero criar suspense nem falsas expectativas, mas uma coisa posso dizer, não estamos apenas escrevendo. E se você quiser tomar parte como revolucionário desse movimento da Renda Básica não precisa se mudar para Suiça não, nem precisa ter cidadania do primeiro mundo não. E se você quer ver ela acontecer aqui mesmo não precisa esperar, pode se juntar a nós:

E se você nunca tinha ouvido falar da gente antes, não se preocupe a culpa não é sua, nem nossa, E nem é preciso procurar culpados. Basta saber que tudo (e muito mais) ao menos do que nós publicamos sobre o projeto está disponível também em português, muita coisa aqui no Medium mesmo.

Para mais acesse:

Enfim, mais uma vez, força aos amigos da Suíça.

E abraços

Marcus e Bruna

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Marcus Brancaglione

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.