Racismo: credos e cultos de raça, gene e seus mitos nacionais e religiosos.

Da separação de Estado e Religião e a Liberdade de Consciência (parte 3 e Conclusão)

Marcus Brancaglione
39 min readOct 6, 2018

Dos povos escolhidos as nações predestinadas

Estado e Religião. A simbiose entre essas indústria do parasitismo das populações carentes é quase tão antiga milenar e conhecida dos libertários quanto a própria a noção de liberdade e libertação, muito antes do renascimento ou a divisão entre idade das trevas e das luzes. Afinal, assim como se fala de renascimento, de iluminação, quando de fala de libertação e não de liberdade, estamos falando de uma função que carece de objeto e função. O que está morto e precisa renascer? O que está em trevas e precisas de luz? O quê, ou melhor, onde e quem está cativo a precisar de libertação? Libertar quem? E do quê? Quem se diz libertário, e não define qual cativeiro pretende abolir e a quem pretende abolir é tão libertário quanto o cristão que ama o próximo, que felizmente não é suficientemente próximo de ninguém para precisar sair da sua zona de conforto e comodidade.

Será que as ovelhas e vacas que estão no abatedouro também tem um deus, ou sonham com o deus das vacas? Será que o gado no abatedouro também sonha com uma vaca sagrada ou fardada que irá guiá-las para fora dos cercados de volta ao paraíso perdido? Ou será que elas ovelhas e vacas rezam cheias de esperança pelo dia da iluminação ou do juízo final onde aqueles que as algozes que devoram vão se tornar seus protetores e como nos mitos infantis para filhotes de lobos e cordeiros, o lobo e o cordeiros vão viver juntos e em paz? Será que esses animais sonham? Será que esses animais acreditam? Será que esses animais também confiam que a mesma mão que a alimenta e afaga sua cabeça jamais será aquela que passará a faca em seu pescoço e devorará sua carne? Ou será que após milênios de domesticação, seleção artificial onde os espécimes mais arredios e selvagens foram exterminados, e somente os mais dóceis foram reproduzidos em cativeiro, tal condição se tornou sinônimo do ser bovino? Quem diria que um dia o cão de guarda e companhia, que aquele pitbull que não pode viver sem coleira em sociedade, ou o pobre yorkshare que mal consegue respirar ou viver, apenas para o prazer do seu dono segurá-lo nas mãos não existia, e descende de raças livres.

Mas não. Não somos cães nem gado, o que é a mais um motivo para não sermos tratados nem aceitarmos ser como tais. Felizmente a domesticação humana não se prática entre seres humanos de raças distintas. Embora os racistas e xenófobos ainda não saibam, não queiram saber e continuem odiando tendo ódio de quem sabe e conta. Como muito já sabiam e provou o geneticista italiano (que não é uma raça, mas um povo) que morreu recentemente, Cavalli Sforza, o conceito de raças é uma ficção:

(…) Foi uma verdadeira revolução. A genética das populações era capaz de produzir uma “árvore genealógica” da humanidade capaz de contar nossa história. O pai de tentou que seu filho se apaixonasse pela astronomia. Não conseguiu, mas, assim como os astrônomos são capazes de olhar para o passado distante quando observam estrelas e galáxias, hoje os geneticistas podem detectar rastros de acontecimentos remotos dentro de nossos genomas.
E não só isso. Em seu famoso ensaio Genes, Povos e Línguas (1996) onde se vale até da demografia, desenha um paralelismo entre as linhas filogenéticas das populações mundiais, a linguística e a arqueologia, para acabar reconhecendo que as três disciplinas contam a mesma história. É um “atlas genético” que fala de homens e mulheres migrantes desde sempre, e que se miscigenam entre si. Um espinho na garganta para compatriotas dele como o xenófobo ministro Salvini.
Em suas pesquisas e em cerca de 300 artigos científicos, Cavalli Sforza chega a uma conclusão que o obcecava desde que precisou enfrentar o racismo que levou à expulsão do seu professor e que ele próprio sofreu como italiano no começo da sua carreira nos países anglo-saxões: as “raças” não existem, ou melhor, existem só na cabeça dos racistas. Nos anos em que estava sendo forjado nos EUA o Projeto Genoma Humano, ele lidera o Projeto Diversidade do Genoma Humano, que foi o que apresentou ao Senado daquele país em 1993: estudando genomas das populações mais remotas da Terra, conseguiu demonstrar que os seres humanos são bastante homogêneos geneticamente, que “os grupos que formam a população humana não são nitidamente separados; em vez disso, constituem um continuum. As diferenças nos genes dentro dos grupos que têm algumas características físicas visíveis comuns são virtualmente idênticas às diferenças entre vários grupos, e, além disso, as diferenças entre indivíduos são mais importantes que as observadas entre grupos raciais”, como escreve em Quem Somos? História da Diversidade Humana(1995, lançado em 2002 no Brasil).(…)
Em outro escrito, quando recebeu o prêmio Balzan em 1999, dizia que “embora a população humana possua uma enorme variabilidade genética entre indivíduos, 85% do total da variação ocorre dentro de cada uma das populações, e só 15% as separa. Portanto, não podemos utilizar para a comparação das diferentes populações humanas a mesma medida de distância genética útil para comparar as espécies vivas, para as quais é suficiente um indivíduo de cada espécie”. Em outras palavras, por mais que seja geneticamente e até intuitivamente fácil distinguir as características de duas populações em dois continentes diferentes, não é tão simples fazer isso com dois indivíduos, como pode acontecer com dois cães. Em uma entrevista ao EL PAÍS em 1993, ele foi taxativo: “Podemos falar de população basca, mas nunca de indivíduos de raça basca. As diferenças genéticas não justificam, nem nesse nem em nenhum outro caso, o conceito de raça, e muito menos o racismo”.
Em sua reflexão, adquire muita mais relevância a cultura como motor para justificar as diferenças entre as populações humanas. E à interação entre genética e cultura ele dedica muitos escritos (aqui e aqui, por exemplo) explicando que os poucos anos (evolutivamente falando) que a humanidade teve para evoluir desde quando um pequeno grupo de hominídeos deixou a África não seriam suficientes para a evolução de raças diferentes, excetuando-se pequenas diferenças. Entretanto, a cultura — que, ao contrário dos genes, pode ser transmitida também horizontalmente entre indivíduos, e não só verticalmente, de pais para filhos — permite explicar muito mais as inovações e as diferenças.
A divulgação de suas ideias era muito importante para Cavalli Sforza. É o que contava em outra entrevista ao EL PAÍS, em 1998: “Com um pouco mais de tempo, definindo o absolutamente necessário e reduzindo o número de termos científicos ao mínimo necessário, é possível explicar a ciência a todos”. Mas não era um iludido. Também escrevia em Quem Somos?: “Pensamos que a ciência é objetiva. A ciência é modelada pela sociedade porque é uma atividade humana produtiva, que exige tempo e dinheiro, pois está guiada e dirigida por essas forças que exercem no mundo o controle sobre o dinheiro e sobre o tempo. As forças sociais e econômicas determinam em grande medida o que a ciência faz e como faz”. -O geneticista italiano que desmontou o conceito de raça

Tudo portanto que o racismo tem para se provar concreto e real é o que as fronteiras geopolíticas imaginárias entre os países tem: gente disposta a matar e morrer para provar que sua visão e divisão abstrata do mundo é tão certa, verdadeira e solida quanto um muro de concreto. Ou seja nada que uma marreta bem real também não resolva, vide o muro de Berlim. Porém essa é justamente a diferença mais concreta entre as leis e ordens dos homens e da natureza. A ciência da lei e ordem natural serve para levantar e derrubar muros com ou sem marretadas, mas marretadas e muros não funcionam para estabelecer lei e ordem naturais , mas apenas manipular o campo de ação e visão dos ignorantes e impotentes cercados por muros com ou sem marretas à mão.

Nada nos impede portanto de ignorar e até mesmo manipular a natureza, assim como nada nos impede de manipular a nossa própria ignorância e conhecimento da natureza, mas não sem pagar o preço. Porque podemos manipular, adulterar, corromper, e até mesmo destruir a natureza, mas não sua lógica; assim como também podemos falsificar apagar ou simplesmente ignorar os saberes já constituídos ou obstruir suas descobertas, mas não sem consequências sobre nossa capacidade de lidar com a natureza do mundo e do conhecimento, não sem causar danos e destruição sobre ambos universos, o mundo real e a nossa visão dele, a natureza e a inteligência.
Tudo o que Racistas, supremacistas, assim como autoritários e farsantes em geral, enfim todos os fabricantes, pregadores e vendedores de distopias, tem e usam como arma é isso: Mitos, mitomaníacos e suas hordas de fanáticos preconceituosos e fundamentalistas. O que não é pouco. Já que são praticamente imunes a dialogo e razão, ou sofrimento de quem não consideram como absolutamente iguais em espécie, gênero, classe e nível.

Tem baixíssima autoestima e empatia como severos prejuízos ao estabelecimento de laços solidários e relações pessoais e social sem mediação de lideres e doutrinas. São altamente sugestionáveis por seus ídolos e figuras de autoridade e estão condicionados e acostumados ao uso da violência sistemático e racionalizado da violência ritualizada. Podendo ser se tornar agressivos e violentos sem nenhuma razão ou emoção envolvida, inclusive com (ou simplesmente por ser) estranhos ou até mesmo com os mais próximos e conhecidos que os contrariem ou sejam considerados ofensivos ou uma ameaça as suas doutrinas, costumes, enfim a ordens e comandos estabelecidos e recebidos. Ou seja pessoa perigosas sozinhas, altamente perigosas em grupo, e perigosíssimas quando armadas ou em posições de desigualdade de autoridade, posse e poder sobretudo diante de pessoas mais inocentes e vulneráveis. Como por exemplo crianças que não sabem o que adultos fazem ou são capazes de fazer, ou mesmo adultos carentes que mesmo sabendo preferem continuar em negação acreditando que o papa é pop e que governos são formados por gente absolutamente preocupada como papai e mamãe com eles.

Viver sob a tutela, custodia, vigilância, governo, ou simplesmente no meio de pessoas assim é uma das mais piores e mais cômodas e perigosas ilusões de paz e liberdade que um ser humano pode alimentar. É como viver numa síndrome de Estocolmo, um sequestrador violento que fomos obrigados a acabar gostando e até defendendo para ver se conseguimos sobreviver. Ele é muito legal, razoável, e até civilizado desde que você concorde com tudo o que ele quer, faça tudo o que ele mande e sobretudo fique onde, com quem e sobretudo seja e se comporte exatamente como ele deseja. Enquanto você não o contrária, mesmo que ele diga que 2+2 não são 4, ou que você não é gente não como a mesma autoridade, não com a mesma igualdade de poder que ele, tudo ficará na mais santa paz. Mas basta que as coisas saiam do controle, e as coisas incluem você, basta que ele seja meramente questionado que esse maníaco possessivo compulsivo vai revelar sua verdadeira face, como por sinal já tem acontecido em todos níveis do macro ao micropoder. Do marido ciumento que prefere matar ou mutilar a esposa e até os filhos ao invés de perder o seu pátrio-poder, ao tirano prefere matar de fome a bomba ou a bala sua própria população, todos esses maníacos patológicos por posse e poder estão dispostos a cometer os piores crimes antes de perder o seu trono, ou o que é a mesma coisa os verem livres. Livres dele.

Dizem que a relação entre senhor e escravo é uma simbiose de interdependência. Isso é outro mito, o escravo pode viver muito bem sem senhores, tão bem quanto o doente sem os vermes, quem não pode viver o hospedeiro é o parasita. É só a ele a quebra da relação de exploração significa a morte, senão dele como pessoa, dele como parasita.

Metade de tudo o supremacista e autoritário também usa e abusa. Mitos e violência. Ou seja tudo que ainda resta a quem interessa a manutenção e propagação do racismo e supremacismo e autoritarismo: a difusão e manutenção de uma realidade absurdo e insustentável; tanto via mitos fantasias e manias pela manipulação e falsificação mitomaníaca do real aos crédulos e vulneráveis a fidelização, quanto sua imposição via força bruta, privação e obstrução tanto da natureza quanto da verdade, enquanto conhecimento tanto da origem quanto sua lógica, aos hereges e infiéis.

Logo seja através da impostura de mitos genealógicos e cosmológicos, seja através da imposição de instituições parasitárias sem a mínima condição socioambiental ou mesmo político-econômica de se sustentar a longo prazo (ao menos não sem a destruição do população ou terra hospedeira), esse supremacistas e seus sistemas vão dominando e consumindo até a extinguir o universo dos seres, recursos e ambientes que conquistam. E não importa que imposição de realidade seja a construção de um mentira insustentável e monstruosidade irreparável, o desenho desse sistema não é feito para servir a humanidade, mas sim para colocar tudo e todos a serviço de quem detém a posse da máquina, do monstro feito para servi-lo enquanto viver, e prolongar ao máximo sua subsistência e poder, não importa as consequências. De tal modo que esse sociopata supremacista, uma vez entronado como déspota ilustrado sabe que o pagamento pelos seus erros e crimes é logicamente inevitável, mas não a transferência desses custos e responsabilidade para as próximas gerações de bastardos — que por sinal já nascem devendo e predestinadas para trabalhar para eles, ou melhor para seus herdeiros legítimos porque iguais em sua superioridade cuja falta de fundamentos biológicos científicos que a sustentem, se compensa com preceitos e preconceitos culturais, mitos políticos, econômicos, religiosos e civilizacionais.

A história da humanidade não está (só) impressa nas narrativas míticas de Estados e Religiões, mas gravada na gene biológica e cultural dos povos. Gostaria de dizer que forma indelével, mas nada é indelével e incorruptível, apenas exigem meios e conhecimentos mais complexos para decifrar e reproduzir e adulterar os códigos e consequentemente a memória e programação, seja por métodos mais pesados e invasivos, ou mais sutis e logo perceptíveis e rastreáveis. Muito já se perdeu na própria perda da diversidade cultural e de vidas humanas por vezes de populações inteiros, bem como seus registros. Mas ainda sim, enquanto houver um único ser humano na terra, gravada em sua gene e genes.

Sua história, não seu destino. porque tanto as doutrinas da predestinação, quanto o determinismo cientifico também não passam disso: mitos, superstições, frutos da mais sincera e honesta ilusão ou negação da realidade ou do mais descarado charlatanismo e demagogia, não importa, o resultado é o mesmo. O que a investigação da nossas heranças tantos cultural e genéticas comuns e difusas, permitem rastrear nossos padrões de comportamento, para além dos mitos de negação e racionalização dos absurdos. Permite entender exatamente o que fizemos e fazemos e porquê. E a partir disso, nos perguntar se queremos ou não, manter essa trajetória e padrões de comportamento e e concepção de humanidade, civilização, nação e ser humano. Uma escolha acima de tudo, mesmo quando não negamos ou aceitamos os fatos, mas para o bem ou mal trabalhamos com eles.

Por exemplo.

Darwin, já havia demonstrado que em algum lugar do passado temos um ancestral comum com outros primatas. Não descendemos do macaco, mas nós, os primatas, e também outras espécies de homens (extintas como população mas que como ainda sobrevivem no DNA da nossa espécie), temos uma ancestralidade comum. Sforza foi além. Confirmou que dentro da espécie humana não existe diferenças genéticas significativas, que sustente qualquer conceito de espécies de homens distintos ou raças. Nem a seleção natural nem a sexual produziu incompatibilidade genéticas significativas entre as populações. Como bem sabemos (e muito antes da descoberta do genoma) pessoas de diferentes “raças”, podem reproduzir normalmente, e ter filhos perfeitamente saudáveis, probabilidade que decaí significativamente quanto mais próximo for o parentesco entre os genitores. De modo que o velho mandamento moral (e sabedoria popular) de não trepar com pais irmãos ou parentes próximos continua sendo no mínimo digamos eufemisticamente bem mais saudável.

Na verdade, nem mesmo o verdadeiro cruzamento interracial entre os homens primitivos com as “outras raças ou espécimes de seres humanos” produziu nenhum “novo homem”. Evidente que esse ser humano miscigenado (nós) não era mais absolutamente idêntico ao seus ancestrais. Mas ninguém o é. Nem mesmo clones ou gêmeos univitelinos, o são. Porque o que genética define no nascimento, o meio ambiente, a história de vida, as mutações epigenética, e sobretudo tão subestimada força de vontade tão importante para o desenvolvimento da inteligência e consciência e personalidade e mentalidade dos indivíduos (e coletivos) é mais do que suficiente para fazer cada pessoa distinta sozinha e comunidades por elas formadas, formas de vida únicas e completamente diferentes, mas ainda sim absolutamente iguais enquanto pessoas humana e culturas.

Já portanto quanto Darwin, fez a sua demonstração cientifica da origem biológica comum dos homens e animais, a possibilidade de construir uma visão da relação do homem com a natureza menos agressiva, belicosa e destrutiva estava aberta, já era possível fazer uma interpretação mais libertária e humana do mundo, compor uma versão cientifica, da visão são fransciscana do mundo onde todos somos criaturas de deus. Cosmológica e não teológica, mas ainda sim, fundada no mesmo principio de respeito a origem a gênese da vida que todos partilhamos. Só que não. Dê energia nuclear praticamente infinita para a humanidade, e alguns tentarão fazer a luz chegar a todos; outros construirão bombas, e as usarão para ameaçar e matar tantos quanto precisarem para conquistar territórios cuja extensão nem mesmo um César ou Khan jamais sonhou para seus impérios.

Não. As ideias de Darwin não caminharam para essa senda. Mas para a oposta. Não vou nem entrar na questão do quanto o próprio sir Charles Darwin era tão racista quanto seu primo pai do eugenismo Francis Galton, ou mesmo ignorante do seu racismo. Não me interessa, não aqui, entender o que se passava na cabeça de Darwin. O fato é que a seleção do mais apto, rapidamente foi adulterada, para a do “mais forte”. E rapidamente buscou-se verificar qual “raça” de homem, era mais selvagem, mais próxima do macaco, e qual mais humana, evoluída e civilizada. Ou mesmo quem de fato era um ser humano que merecia o direito humano de viver, e quem poderia ou mesmo para o bem da espécie humana deveria esterilizado ou mesmo exterminado não como se fosse um animal mas um parasita. Rapidamente a ciência foi adulterada e instrumentada ideologicamente a serviço do velho e bom supremacismo, predeterminismo, imperialismo, escravagismo e colonialismo. onde nós a raça dominante e escolhida por deus ou a natureza; onde a a monstruosidade se autojustifica, autoproclama legítima e racionaliza pela própria hegemonia da brutalidade e violência. “Somos nós que temos a força para esmagar a cabeça e pisar no pescoço do outro, logo somos os selecionados os eleitos.” Nós somos a civilização humana, a evolução, o progresso, os outros, são bárbaros, selvagens, mais próximos do macaco que do homem civilizado. O velho racismo e imperialismo, que com o advento do eugenismo e estado-nacionalismo, atingiu o ápice (até então) do supremacismo no totalitarismo das teratológicas ideologias e regimes nazistas, fascistas e stalinistas. O resultado dessa escalada monstruosa da desumanidade não é preciso descrever.

Porém aqui estamos nós, para provar que o aprendemos com erros não se transmite geneticamente, e as vezes nem culturalmente. E que preconceitos, superstições meramente reprimidos pelo patrulhamento moral e politicamente correto não extinguem o mal, apenas o maqueiam e enraízam ainda mais profundas e enraizadas das subconsciência dos frustrados. Um barril de pólvora de ódios velados e represados que em momentos de crise, de fissura do arcabouço dessa realidade desprovida de consciência, na primeira faísca simplesmente explodem arrebentando as frágeis paredes da hipocrisia que a sustenta. E os mais absurdos discursos de guerra e ódio não só parecem mais concreto e sinceros que os nobres discursos de paz e amor. Eles são. E no nesse completo vácuo das instituições cenográficas que vão caindo, os velhos preconceitos por trás delas ganham o palco e voltam a se tornar explícitos e se disseminar sem freios na sociedade do espetáculo.

Assim enquanto Sforza usava a genética para demostrar como os preconceitos não encontram fundamentam nem cabem no código genético, cientistas continuam a seguir a senda da eugenia, buscando encontrar ou enfiar no gene fenômenos que habitam antes de tudo sua cabeça preconceituosa. Não se engane não era só a busca de uma explicação mágica determinista para todos os fenômenos psíquico e sociais complexos que extrapolam o reducionismo biológico, mas mais uma vez a instrumentalização da ciência posta para racionalizar preconceitos e ideologias a serviço de interesses político-econômico. No fundo uma espécie de retorno as origens eugenistas do qual a genética como ciência nunca perdeu completamente o ranço, salvo trabalhos como o de Sforza que mais do que um desvio genial do padrão da mediocridade, é a exceção que confirma a regra. Ciência desonesta? Não ciência inconsciente. Ciência que ignora a própria mentalidade e cultura da que não derivam os constructos mentais. Mas as superestruturas político-econômicas que governam e direcionam as pesquisas e influenciam não só o fracasso e sucesso das pesquisas e carreiras sem precisar tocar nas teses, laboratórios ou experimentos, não precisam. Já que podem até mesmo obstruir a ciência, a partir do momento que detém as condições materiais, para predeterminar as possibilidades, ou se preferir, as probabilidades de realização ou obstrução.

E estamos falando do campo da produção de conhecimento científico. Imagine agora o campo da difusão e interpretação tanto desse e outros conhecimentos. Assim, fora a evidente “preferência” por difundir outros estudos de natureza duvidosa, ou patrocinados interesses mais duvidosos ainda; ou pura e simplesmente a “preferência” por não difundir tais resultados científicos ou simplesmente resultado nenhum; fora tudo isso que não é pouco, e que campo da difusão, também no campo da leitura e interpretações, dentre as mais variados analises e criticas que poderiam ser produzidas dentre as n implicações que poderiam ser deduzidas a partir do trabalho de Sforza, no geral mais uma vez prevalece a mesma mentalidade: A busca por adequação desse trabalho ao velho paradigma. Ainda que de modo algum esse trabalho nele caiba, já que contesta explicitamente não só o racismo, mas em analise mais profunda o próprio base das construção dos velhos modelos de classificações e qualificações dos seres baseados nada mais nada menos que na discriminação preconceitual, derivada não só de uma observações superficiais, mas de aparelhos sensoriais e cognitivos completamente corrompidos e distorcidos por sua visão e pré-juízos preconceituosos.

Se já com trabalho de Darwin havia uma aberto uma senda de lucidez e racionalidade para a noção de gênese comum, e com ela recuperarmos ao menos um pouco do bom senso e respeito perdido pela aspecto sagrado da vida de todos os seres vivos. E se com o trabalho de Sforza essa senda de lucidez e razão ganhou uma dimensão mais profunda, revitalizando o conceito humanidade como fraternidade e irmandade ancestral. Novamente a leitura e a direção tomada foi a inversa. Se o racismo não poderia ser contrabandeado dentro da gene da humanidade, não é claro sem antes demolir completamente o edifício da razão, e substituí-lo mais uma vez pelo fidelização fanática e fundamentalista, então é justamente onde esse processo de fidelização e idolatria se processa e do qual o racismo e supremacismo nunca deixou de fazer parte, incluso nos campos da ciência, que a essa mentalidade de supremacia, hierarquia desde a gene e origens dos homens e civilizações cavaria suas novas trincheiras e faria casamata para sua eterna guerra contra “o outro”.

Se não é na gene biológica a origem da predestinação à desigualdade entre os seres humanos, é então na gene cultural. Sua frente de batalha agora, ao menos nesse primeiro momento da guerra contra outros povos é a da luta a muticulturalismo, ou numa leitura libertária, a contra-reação autoritária para a manutenção do sistema nervoso de todo pensamento totalitário, o culto ao absoluto, supremacia do poder total e todos poderosos como única realidade tolerada e causa do monopólio autoproclamado legitimo da violência.

É o racismo e patriarcalismo disfarçado de nacionalismo e patriotismo, operando nas falhas estruturais do entendimento e conceituação das liberdades de credo culto e expressão. Operando como os juristas fazem com o códigos legais, ou os hackers quando invadem um sistema operacional, Eles não criam falhas, eles exploram as falhas propositalmente instaladas no core do sistema. Falhas que governos e corporações não podem consertar, porque consertá-las, não é só fechar as brechas que o sistema usa para se alimentar , é alterar as bases da arquitetura onde o sistema está instalado. Para acabar com a vulnerabilidade das sociedade para o vírus do nazi-fascismo é preciso acabar com a vulnerabilidade da sociedade para toda programação ideológica instalada pelo próprio sistema. Mais ingênuo que isso, para não dizer tolo, só mesmo acreditar que o poder político pode acabar com a corrupção do poder político, ou na profecia do messias de espada em punho montado no seu cavalo branco…

Como bem explicita a natureza do mais novo movimento nazista que encontra mais uma vez na Áustria a sua voz, mais explicita e sincera:

As atividades do GI normalmente alvejam eventos que promovem a integração — isso porque ele diz não acreditar em integração, mas sim na assimilação dos imigrantes muçulmanos.
“Assimilação significa que você se identifica completamente com o país, com a nação, com sua história”, ele explica. Caso contrário, “é traição àquela comunidade, que está te dando braços abertos, aceitando você, então, você tem que colocar os interesses dela diante dos seus.”- Martin Sellner, o austríaco que é o novo rosto da extrema-direita na Europa

Não consigo pensar em nada mais sintomático dessa idiotia generalizada que agora mesmo brasileiro, filho de imigrantes europeus achando que este pensamento está correto. O pensamento com o qual ele sequer existiria como a pessoa que é, ou talvez nem sequer existisse como pessoa, com seus antepassados mortos ou deportados por insistir em manter seu credo e identidade cultural.

Há quem acredite que a guerra e a paz sejam da intolerância e tolerância. Não nem a guerra é meramente fruto só da intolerância as diferenças e diferentes, nem muito menos a paz do saber meramente tolerar as diferenças e diferentes. Não basta tolerar é preciso prover igualdade enquanto humanidade e proteger a sua diversidade cultural, mas as diferenças culturais, proteger não só a liberdade e identidade das diferentes culturas, existente, mas a liberdade e identitária absolutamente livre e pessoal de cada pessoa incluso para fomentar uma nova cultura e sociedade.

De fato só existem duas formas de conviver em grupo, a sustentável e a insustentável.

A insustentável, funciona impondo igualdade pelo extermínio das diferenças e dos portadores de diferenças e diferentes, e é insustentável porque ou termina em guerra de todos contra todos, ou em ultima instancia apenas com um último intolerante na terra, já que ninguém nunca será completa, absoluta e logo jamais suficientemente igual para aplacar seu desejo de totalidade e uniformidade.

A sustentável, não é aquela que tolera todas as diferenças e diferentes, não é sequer uma forma de vida ou de viver, mas justamente o resultado da convivência das diferentes formas de vida e viver capazes não só de deixar as outras em paz, mas de se defenderem mutuamente justamente contra aquelas cuja característica não é outra senão, eliminá-las, por apropriação, absorção ou velho e primitivo extermínio em massa mesmo, seja pelo cerco das armas seja pelo cerco da fome.

Notem que esse vontade de prevalecer e impor sua forma de vida aos demais, não é um mal que assola a mentalidade de único povo ou está presente em uma única cultura, mas praticamente em todos. Porque isso não é cultura enquanto liberdade de comunhão e identificação, mas violência ritualizada como culto e costume. Negação existencial do alheio, como se fosse afirmação da própria existência. Não é a toa que eliminado um inimigo esse cultos imediatamente buscam outro sujeito para obsessar, parasitar e se apropriar do trabalho e cultura, eles não tem substância própria, não tem outra lógica senão a negação e predação, que sendo a base do seu sustento e sustentação da sua forma de vida, se torna automaticamente o discurso totalitário de defesa legitima da preservação enquanto eliminação e prevalência sobre todos os demais.

Por isso que pouco importa se o discurso de discriminação, segregação e em ultima instancia extermínio racial e ou cultural tenham fundamento. Eles não estão perseguindo verdades, eles estão buscando desculpas e culpados. Eles não estão interessados em entender nada nem ninguém, estão preocupados em racionalizar os atos que cometem ou vão cometer, desumanizar o alheio para não importa a monstruosidade do que fizerem ou deixarem outros fazer para preservar sua condição material atual, poderem sentar nos seus bares, clubes, igrejas, parlamentos, escritórios e jantares familiares com a certeza de que não são animais com medo de ter que compartilhar ou dividir nada, nem o pão, nem a terra, mas cidadãos de bem, justos, honestos civilizados e deter hordas de vândalos e bárbaros. Botar mais água no feijão? Nem fudendo, quem não tem pão que coma brioche bem longe da minha porta.

Não é portanto uma questão de ciência, mas de consciência. A começar de consciência do quanto paradoxalmente fazemos questão de ignorar a ciência e ao mesmo tempo a cultuamos e supersticiosamente a superestimamos como se ela pudesse nos salvar da nossa vontade de ignorar e não compreender não só a natureza do mundo, mas a natureza diversa dos outros como igual justamente no direito não só de ser como é, mas de usufruir dos meios necessários não só para poder existir, mas coexistir em paz, como direito e dever.

Trabalhos como o de Sforza ao apontar para as essas inconsistências racistas, nos nos livrar desses preconceitos supremacistas de povos eleitos por deus selecionados pela natureza, por sua gene divina ou natural pura e superior, tão ao gosto de políticos, economistas e cientistas e empreendedores que gostam de tratar gente (e bicho) como coisa, cobaia e objeto dos seus estudos e realizações. Mas não fazem só isso. Elas apontam para inconsistências que vão muito além e que não gostamos de encarar com as devidas investigações e criticas que elas suscitam. Trabalhos como o de Sforza também apontam para o fato que o genocídio mesmo quando sendo evidentemente fraticida não nos incomodamos, ao menos não o suficiente para nos tirar do estado de negação e comodismo e nos mobilizarmos para colocarmos um ponto final nisto. Mas isso abre toda uma outra questão sobre estados e negação e ausência de capacidade empática que precisa de um artigo só para elas.
O fato é que o mapeamento genético, ajuda a investigar a história da humanidade. E a revelar quem somos e porque fomos. Mas não peça para a descoberta e revelação mesmo a científica assumir o lugar e fazer o trabalho que cabe ao bom senso, o juízo e a consciência. Até porque mesmo quando querendo ele só o pode assim fazê-lo como impostor do entendimento e aprendizado que enseja como pregação e falsificação do próprio conhecimento como doutrinação.

Ademais é importante salientar que recentes descobertas demostram que não só nosso gene é composta de uma mesma origem, como de diversas espécies de seres humanos. Ou seja pouco importa o quão semelhantes ou dissemelhantes sejam nossas arvore genealógica origens genéticas ou até mesmo cultural. A pergunta é somos ou não seres humanos capazes de produzir juízos usando nosso próprio juízo e autoridade e razão, ou precisamos ainda seguir juízo de autoridades alheias? O conhecimento é mapa, não a realidade, nem mesmo quando o X aponta com perfeita correção o lugar que queremos ir.

Quando olhamos o mapa genético das populações humanos por um lado podemos celebrar o fato, que nem a seleção natural nem a artificial tiveram tempo suficiente para promover alterações genéticas distintivas. Por outro só temos a lamentar o que isso também implica. Ou seja: se por uma lado, a difusão de relações humanas baseadas em discriminação, segregação e exploração baseadas em preconceitos de raça e classes sociais não produziu geneticamente as distinções que impõe como condição ambiental e cultural; Por outro, também implica justamente nesse triste e monstruosa realidade ancestral que nós perpetuamos como espécie, e enquanto tal, como humanidade estamos a matar em última instância senão nossos irmãos, mas próximos nossos primos ignorados, as vezes, de forma lenta, desorganizada e até omissa, outras de forma rápida, sistematizada e propositiva — exatamente como defendem as mais radicais teses racistas e supremacistas que não se contentam em pregar seu direito “natural” de superioridade e dominação sobre os “inferiores”, mas o direito “natural” de dispor da sua vida como bem entender, incluindo nisto não só a escravização até a morte, mas o extermínio sumário daqueles que não são considerados úteis e produtivos ou toleráveis à eles.

Logo não há nada para se celebrar. Pois no que concerne a evolução dos crimes contra a humanidade, ou se preferir a evolução criminosa dessa cultura do genocídio humano, o fato de termos todos uma raiz dentro das nossas arvores genealógicas e sermos todos filhos e frutos de um mesmo pai, não só não é capaz de produzir qualquer sentimento de irmandade na nossa psique prevalente de Caim, como ainda por cima é um agravante que faz de todo homicida um fraticida em maior ou menor grau de parentesco.

E se digo todos filhos de um mesmo Pai, e não de uma mesma mãe. Não o faço de forma despropositada e incauta do seu patriarcalismo. Pelo contrário é justamente ao rastro não só cultural, mas sim genético do patriarcado inscrito no código genético das populações humanas. Onde não só os o gene das famílias e povos mais pobres e dominados foram (e continuam) a ser progressivamente extintos em de forma rápida e explícita em períodos de grande perseguição, extermínio, geralmente marcados por guerras, como também de forma lenta e velada, minguando e desaparecendo (assim como sua cultura) em longo períodos de exploração, exclusão e carestia de pax e jugo desse pátrio-poder como domínio e jurisdição territorial.

Processo de extermínio, que portanto, nem sempre se opera sempre se opera de forma imediata e , mas por envolve a apropriação, escravização e reprodução dos caracteres culturais do dominador mas também do biológico. Seja caindo jovem nos campos de batalha, seja morrendo na violência das ruas, o homem desclassificado racial e socialmente vai, o dominado e seu descente vai desaparecendo. E seja estuprada por hordas de soldados, seja prostituição ou esposada a mulher dominada vai sendo tomada como mero objeto de reprodução da prole do conquistador, seja de bastardos a servir como escravos, súditos ou empregados, seja como herdeiros na falta de outros mais “puros e legítimos”.

Ficção? Não meu irmão, bastardo e ancestral, essa história está inscrita no genoma de diversos povos mundo afora, que tem como ancestral comum não os pais do seus pais, mas os pais dos seus soberanos ancestrais que não nasceram entronados, mas construíram suas dinastias, pelas armas comuns a todos os criminosos, a espada, pilhagem e estupro. E não só não se refrearam, como fizeram dele a lei e a ordem. E não só no que concerne ao privilégio do monopólio do roubo e pilhagem, mas no que conserve ao do estupro. Praticando-o não só por meio dos mesmos subterfúgios com o qual ainda extraem o trabalho alienado de quem não tem mais sequer o chão e o pão, mas de forma mais primitiva e descarada ainda, seja tomando as escravas quando bem entendiam enquanto sua propriedade legal, ou até mesmo exigindo seu direito a desfrutar a noite de núpcias com a serva recém casada como seu direito de senhor feudal.

O que a propaganda e os mitos de criação dos povos e nações falsificam, agora a investigação histórica tem no DNA mais um subsídio para verificar não só fato já está registrado na historiografia, mas para verificar a extensão dessas práticas, e dimensionar o impacto da cultura patriarcal da escravização e estupro e genocídio na formação das atuais povos e civilizações humanas.

Logo, considerando, hábitos e costumes das populações humanas e seu impacto da gene e código tanto cultural quanto biológico do próprio homem quanto da natureza como um todo. Podemos dizer que o mito racial é absolutamente teratológico e falso, não é por causa do advento tardio da domesticação na evolução da espécie humana, e sim pelo fato a compulsão sexual, não raro manifesta no desejo e fetiche pela rapinagem e estupro e posse do diferente muitas vezes sobrepujarem o desejo de morte e extermínio de tudo que lhe é estranho a si mesmo. Não só carregamos a prova da história da humanidade na nossa gene e genes composto das mais diferentes etnias humanas. Obviamente não das famílias pobres condenados a morrer, mas bastardo dos landlords e conquistadores que tomaram estupraram e prostituir as mulheres, as vezes como direito legal ao longo da história.

Assim, o elogio a miscigenação entre os povos longe de ser o romântico casamento inter-racial que forma o mito de novos povos, contra o desejo proto-nazistas de segregação e extermínio das raças inferiores e impuras do espaço vitais em favor da prevalência da gene pura e superior dos seus dominadores e exterminadores. É muito mais um elogio ao estupro como arma de guerra e perpetuação da condição da mulher a condição da mulher a mera hospedeira e reprodutora da gene que determina a propriedade hereditária dos seres e a posses dos seres sem pedigree como coisas.

Dois processos distintos de colonização e seleção artificial não só cultural mas genética que implicam num mesmo fim para os sujeitos submetidos extinção por abdução, extermínio, expropriação, apropriação e desintegração da sua gene cultural, biológica, ambiental e livre vocacional.

De modo que o que nosso autor do velho mundo chama de gênese inseparável das comunidades políticas e eclesiásticas progresso da humanidade e civilização como identidade coletiva, foram para o novo mundo o apocalipse de toda a sua diversidade, incluso a cultural, o armagedom ainda em curso das sua identidade coletivas locais, e comunidades políticas e religiosas.

O Estado e Religião, a identidade coletiva de uns, ou melhor do UM, constituída nada mais nada menos, do que da desintegração e antropofagia da identidade do outro.

Matar, foder, devorar, não são práticas que ocorrem necessariamente juntos ou exatamente nessa ordem, como num ritual de um maníaco psicopata, mas estão erótica e teratologicamente presentes e nas camadas mais profundas da mentalidade de um cultura patriarcal e que se reflete no comportamento e relações fetichista e reificante de posse e poder sobre a natureza de todos os outros seres incluso seus semelhantes os humanos. De modo que quando um político clássico bandido e corrupto e populista cunha a expressão: “estupra, mas não mata”, e “bandido, bom é bandido morto” ele não está dando voz como representante a outra mentalidade senão aquela que reflete a opção estratégica preferencial (e não excludente) que caracteriza a noção de pátrio-poder e especificidade da identidade (coletiva) patriarcal predominante. Sua estratégia evolutiva paripasso aos dos chipanzés permanece: eliminar os machos, e tomar as fêmeas.

Mesmos regimes que não gozam da fama de tolerância, pacifismo e racismo tão bem velado e dissimulados como os brasileiros, e que junto com seus genocídios cometeram o sincericídio de fazer das suas práticas a sua ordem e propaganda de guerra. Como por exemplo, o “Sanko Sakusena Política dos Três Tudos, (Matar tudo, Pilhar tudo, Destruir tudo), uma estratégia de terra arrasada a saber: não abandonaram também a outra estratégia criando as infames mulheres de conforto. Um exemplo, que não é exclusivo nem pontual. Mas cuja prática generalizada ao longo da história não os relativiza uns aos outros, nem muito menos os normaliza.

Pensar nesses episódios como um desvio padrão nas guerras, invasões e ocupações ao longo da história da humanidade e não como o padrão das culturas patriarcais, é no mínimo hipocrisia e desonestidade, procedimento a serviço da replicação desses padrão, tanto o inverso, tentar tomá-lo por normal e natural e não patológico e monstruoso via a banalização da sua generalização.

Assim os mitos de gene cultural e nacional baseados na misgenação consensual são narrativas tão verdadeiras ou digamos críveis quanto os mitos de extinção dos povos por acidente natural durante os períodos de guerra de ocupação imperial e colonial. Curiosa a credulidade, porque quando morre um investigador ou testemunha ou juiz ou mesmo a vítima que ira depor contra uma mafioso, a suspeita que recaí sobre o acusado se torna absolutamente razoável, mas quando morrem milhares de vítimas e testemunhas da sua história e memória a hipótese de um desastre natural se torna perfeitamente plausível. Seria porque somos parte interessada enquanto os respeitáveis receptadores legais do produto desse latrocínio fraticida?

Se considerarmos ainda a prática recorrente da bestialidade em seu sentido usual de intercurso sexual forçado com outras espécies- embora como todo esse tipo de tarados, como todos os demais, jure que é a relação é consensual ou que ele é que a vítima seduzida, verificamos que a cultura do estupro e assassinato fazem parte de uma mesma mentalidade que caracteriza a gene e identidade dos povos e nações atuais de forma muito mais determinante do que seus mitos e credos históricos ou religiosos que romanceiam sua gênese, como a compatibilidade e imcompatilidade genética é um fator muito mais determinante tanto a preservação genotípica quanto da diversicação fenóptica do que as estratégias culturais de preservação e prevalência especificas dos diferentes clãs, famílias, sociedades, povos e nações.

Por outro lado a pisque do homem civilizado baseada a repressão e condicionamento dos seus instintos incluso os sexual ou violentos e não formou nenhuma consciência capaz de autogovernar seus comportamentos, ou alterar senão superficialmente sua mentalidade e comportamentos sobretudo como coletividade. De modo que os hábitos e costumes que alteram significativamente a cada geração o desenvolvimento e equilíbrio do seu ego e empatia, não raro de forma fisio, ambiental e sociopatológica felizmente ainda não produziram adulterações nem divisões nas famílias humanas.

De modo que felizmente as práticas de moralidade e imoralidade do homem, seus credos e preconceitos não foram suficientes para modificar substancial nem significamente sua gene, nem mesmos seus hábitos, ritos, costumes ou sistemáticos procedimentos de extermínio antropofágico foram capazes incompatilizar ou eliminar nem a diversidade nem a integralidade humana, ou mais precisamente a diversidade dos individuos e coletividades como pessoas e povos dentro da integralidade da igualdade e universalidade enquanto seres humanos e humanidade.

Longe de ser a herança cultural e moralidade ou a herança genética predeterminadores exclusivos ou predominantes, a capacidade de autodeteminação de cada ser humano e sua coletividade geração após geração ainda prevalece como fator determinante sobre as condições preestabelecidas e hereditárias culturais ou genéticas. Não que a preconcepção códigos culturais de moralidade ou a manipulação de códigos genéticos não sejam capazes conseguir tal alteração das predisposições fisiológicas do ser humano, mas o fato é que isso avança, não procedeu de forma definitiva nem irreversível. A vocação humana para inteligência e consciência e livre-arbítrio ainda persiste e nasce a revelia das piores condições de privação, repressão, e continua a se desenvolver naturalmente e espontaneamente, mesmo onde falta de estimulo e provisão. Teimando em Sobreviver com o que tem e como pode, logo muitas vezes de forma precária, com o pouco que ainda lhe resta de seus instintos gregários e dignidade mas ainda sim sobrevivendo.

De fato ciência genética não tem prevalência sobre a consciência como determinante na tomada de decisão, nem poderia a vir a tomar esse lugar nem biológica, nem culturalmente, não como fator constituinte nem determinante nem da ética nem muito menos do ethos. Não porque o DNA é formados pelo diferentes espécies humanas ancentrais, ou porque similaridade por similaridade de DNA também compartilhamos mais de 98% do genoma de muitos primatas. Mas porque isso é assim como nossos credos e preconceitos irrelevante tanto para o nosso julgamento e respeito a vida e liberdade dos nossos semelhantes em inteligência e consciência quanto de todos seres dotados de sensicência.

Tão perigoso e insano quanto uma pessoa que nega o direito a vida e liberdade, ou a anima em outro ser porque esse é dogma dos seus mandamentos, é o individuo que é numa bela manhã descobre que seu vizinho não é gente, ou os gritos de um animal vivissecado não tem importância por que foi provado cientificamente que um não é gente e outro não sente nada. Quem varia o seu juízo ou renuncia a ter um, em favor do alheio, seja ele da natureza que for é por definição um idiota, e mais idiota ainda se faz isso quando toda a sensibilidade e inteligência empática, todo o seu senso e noção comum, seu instinto de preservação gregária lhe diz o contrário que o outro sente e sofre.

É irrelevante se a origem da vida inteligente, senciente ou consciente é comum, se temos todos uma mesma gene e somos irmãos ou não. Ou mais precisamente a origem e herança são completamente irrelevantes á ciência, consideração e valoração ética e fenomenológica da vida e liberdade. O juízo afirmativo ou negativo que se forma e varia conforme a influência credo ideológico sem o filtro e o crivo do próprio senso e noção que formam a próprio-concepção como fator determinante da formação da convicção, são reprodução e retransmissão de preconcepções alheias e não de juízos plenamente espontâneos e conscientes. Não são juízos nem opiniões que refletem o senso nem a noção que a pessoa eventualmente possui, mas justamente a falta de senso e noção para formular seus próprios juízos seja a dar ciência dos fatos ou opiniões. Denota tanto a falta do exercício e desenvolvimento da sua capacidade e potencial de próprio-concepção quanto a contaminação cultural do processo que serve tanto para anular esse potencial e capacidade quanto emular os interesses e concepções alheias: a alienação. Um processo onde a informação não entra como dado ao processamento da questão, mas já como a resposta pré-fabricada aos questionamentos e argumentos que advogam em favor dessa preconcepção.

Ou seja o processo de formação de opinião pelos formadores de opinião, onde rigorosamente o termo estar ciente não se aplica com propriedade, já que até mesmo o saber científico é transmitido, ao menos aos leigos, não como tal ciência ou aprendizado cientifico, mas via reprodução e retransmissão de respostas prontas por comportamento cognitivo reflexo e condicionado. De tal modo que uma pessoa que defenda o direito a vida de todo ser humano fundamentado nos argumentos de autoridade, seja eles quais forem, científicos ou religiosos, e não a sua ligação natural como a vida, pode ser convencido pelos mesmo processo ou procedimento do qual derivam suas atuais convicções e fundamentam seus juízos, a alterar ambos em conformidade com a informação ou ideologia recebida mesmo que ela contrarie sua percepção e cognição.

Em outras palavras tudo absolutamente tudo, não só as mais evidentes e concretos, lógicos experimentados dados científicos, mas até mesmo as mais falsas ou fantasiosas narrativas são igualmente fonte de informação para o processamento e compreensão da realidade, incluso da produção de narrativas míticas ou cientificas e matéria prima e fábricas o pensamento e a cabeça dos pensadores. Porém desde que elas sejam tomadas como conclusão ou representação da real, mas como dados, para tal investigação do próprio pensamento e bases para suas conclusões, de tal modo, que reflitam elas credo, opiniões, ou fé e ciência, em todos os estados mentais o ser pensante esteja plenamente consciente da natureza do seus pensamentos, juízos e grau de certeza e incerteza das suas concepções e correspondência enquanto projeção do real, seja como presente ou futuro.

Assim sendo, o conhecimento da gene biológica ou cultural dos povos não apenas não serve e nem cabe para justificar nenhuma ideia de superioridade racial, ele não está a serviço nem tem nenhuma responsabilidade de trabalhar para desqualificar tais absurdos. Sua é responsabilidade é com sua coerência, porque sempre será responsabilidade da nossa consciência examinar, denunciar e corrigir os absurdos venham eles de onde vierem.

Um ser dotado de sensência, inteligência e consciência, não pode renunciar nem muito menos se obrigado a trair nenhuma delas, quanto mais as três que constituem a sua natureza da sua potencia, vocação e realidade. E quando digo não pode não quero dizer que não deveria ser feito, estou dizendo que é impossível sem fazê-lo sem matar tais capacidades volitivas, sem matar o ser reduzindo-o a terminal burro ou laranja mecânica. Sentir, entender e compreender, são capacidades essenciais cuja perda em favor de conhecimentos, mandamentos ou preconcepções funcionam tão bem quanto para o juízo quanto uma camisa de força.

Mas o quê o racismo tem a ver com a separação de Estado e Religião? Qual a relação desse exemplo com o tema central, ou pelo menos o fio da meada dessa reflexão?

São exemplos dos juízos e consequente tomadas de decisão que não pertencem a nenhum arcabouço do pensamento, ou campo do saber, nem político-jurídico, nem culto-religioso, nem tão racional-científico, mas sim carece do livre pensamento na plenitude do exercício são e espontâneo da consciência para sua efetivação e realização. Ou seja o livre pensamento fundamentado na próprio-concepção e autodeterminação e não no fundamentalismo da preconceituação e predeterminação.

É essa lucidez que permite efetuar a devida distinção entre politica e religião, mas entre política, religião e ciência. Efetuar o entendimento dos seus pontos em comum não para confundir tudo, mas justamente para compreender e distinguir o que não se deve jamais ser misturado, ou posto sob a tutela de nenhuma preconcepção ou forma preconcebida nem do credo, saber ou método, nem muito menos das relações e organizações das comunhões e comunidades, mas regido sempre pelo exercício da livre vontade enquanto consciência. Regido portanto pela liberdade de exercício da consciência que como tal toma o conhecimento como fonte e subsidio a sua formação e desenvolvimento do pensamento e não como seu campo delimitado da sua visão de mundo. Toma o credo, o saber e as normas e costumes herdados como base para a construção dos destinos e manifestação da potência como transformação e não como doutrina de predestinação disseminadora da impotência como conformidade e conformismo burro e servil.

Conclusão

Assim, considerando tudo isso que foi posto, podemos finalmente responder agora a pergunta posta lá no começo desta reflexão:

Porque as Igrejas apoiam os lideres políticos messiânicos? E o Estado a cultura do messianismo?

E responde-la da forma como os autoritários e autoridades odeiam, e fazem de tudo para evitar e desqualificar… ou seja não com uma resposta pronta dada ou esperada por eles, mas com uma outra pergunta; uma que enseje o questionamento e a formação das próprias conclusões.

Onde, quando e para quem?

Ou mais precisamente porque aqui e não lá? Porque em países ditos desenvolvidos ou se preferir entre potenciais expansionistas e beligerantes, a vida e a liberdade, enfim custa tão caro, e nisto incluso a indenização e reparação por seus danos e a vida e liberdade nas latrinas do mundo não valem rigorosamente nada?

Traduzindo em fatos e custos:

A diocese do Brooklyn, em Nova York, pagará uma indenização recorde de US$ 27,5 milhões, cerca de R$ 115 milhões, a quatro meninos abusados sexualmente entre 2003 e 2009 por um professor de religião, com base em um acordo com as vítimas.

Os US$ 27,5 milhões — US$ 6,87 milhões para cada uma das vítimas que tinham entre 8 e 12 anos e representam a “mais alta indenização individual” já concedida pela Igreja Católica, disse à AFP um dos advogados, Ben Rubinowitz.

-Estamos felizes de ver a Igreja finalmente diante da justiça.(…)- Igreja Católica vai pagar US$ 27,5 milhões a quatro vítimas de abusos sexuais

O Brasil é um dos 3 paí­ses escolhidos pelo papa Francisco para testar um projeto-piloto para dar voz as ví­timas de pedofilia por parte do clero (…)

A ideia é que se crie um painel consultivo de vítimas que possam ser ouvidas e, com a experiência delas, possamos levar outras a tomarem a coragem de falar e se abrir, explicou Santos ao Estadão acrescentando que apresentarão a proposta de usar a própria Fazenda da Esperança no projeto-piloto.

Em entrevista à ANSA em fevereiro passado, o brasileiro já¡ havia explicado que seu objetivo seria dar prioridade á experiência das ví­timas e ensiná-las a percorrer um caminho de reabilitas o por meio do perdão (…).- Vaticano anuncia projeto piloto no Brasil para ouvir vítimas de abusos sexuais

Lá, prende o predador e pune a instituição aliciadora e se indeniza as vítimas. Aqui, o foco é “ensina” a “perdoar” os predadores, e os Predadores?

Um problema exclusivo de religião? Não, um problema político-jurídico assentado na cultura de privilégios corporativos e culto e servilidade a todos poderes e poderosos de qualquer credos, formas ou espécies pessoas e entidades. Ou se preferir de promiscuidade onde convém e interessa e omissão e leniência absolutamente criminosa onde não.

Não.

Credo e politica e ciência e até mesmo o lucro são apenas uma questão subsidiária. Porque ninguém vende nem compra aquilo que não precifica, nem precifica o que não reduz a coisa e mercadoria. Mas somente vende, compra, mata ou sacrifica em holocausto aquilo que coisifica isto é que renuncia em observar e reconhecer como ente para reduzir a objeto da sua vontade como desejo de posse-poder e ideologia que a fantasia.

Não se pratica o genocídio ou assassinato por causa, ou por ordem ou em busca de deus, tiranos ou lucros. Relações de posse, poder e exploração são práticas impossíveis em relação a quem e aquilo que se valoriza mais que o que se idealiza. Assim como é impossível a quem tem um mínimo de amor próprio vender em de livre e espontânea vontade e em sã consciência uma parte do seu corpo por lucro ou por obediência a qualquer senhor na terra ou além. Ou um pai e mãe vender que ama seus filhos estabelecer uma relação de comercio, exploração, escravidão, doutrinação, fidelização a eles mesmos ou a terceiros. É impossível para uma pessoa que naturalmente (empatia) valorize mais a vida e dignidade de qualquer pessoa mais do que posse, poder, causas ou ganhos de qualquer espécie colocar essas concepções como valores acima desses princípios inatos. Ou mesmo obrigar uma pessoa que sabendo da importância dessa sensibilidade, mesmo não a possuindo mais, decida por consciência e vontade de religação a esse fundamentos e se manter fiel a sua vocação solidária ao invés de deixar se desnaturar e desumanizar até o cruzar as fronteiras da personalidade psicopática.

Politica, religião, e até mesmo ciência são nesse sentido apenas mascaras e justificações de nossos desejos e vontades, desculpas para ações e comportamentos que em ultima instância se não estivermos nos últimos estágios patológicos da perda do governo e autodeterminação sobre a nossa próprias ações ou seja dentro do hospício da insanidade absoluta ou prisão das privações e ameaças inescapáveis ainda nos pertencem como força de vontade mesmo nas mais monstruosas condições e estados de alienação.

A grosso modo não é um questão de preto no branco, mas de grau e seletividade. Somos capazes de ser extremamente humanos e sensíveis com algumas pessoas e seres vivos, e extremamente monstruosos com outros, conforme valoramos e desvaloramos de acordo como nossa empatia e consciência (ou mais precisamente falta delas) sua vida e dignidade em relação a nossos desejos e vontades devidamente racionalizados e justificados por credos e certezas das mais variadas origens, fontes e métodos de produção e difusão. O produto de uma escala de valores mais ou menos universal, e que coloca a vida e dignidade dos seres dotados de anima, partindo de si mesmo, passando por pelos outros seres humanos até englobar todos os seres e entes e fenômenos da natureza em maior ou menor grau empático de reconhecimento, respeito e valoração do que nossas próprias vontades, desejos fantasias e ideias, projeções e conceptos. Por sinal o tipo de organização entre desejo e realidade que caracteriza a loucura sobretudo a maníaca que em seus estágios mais evidentes de imersão e desconexão com as normas e desejos socialmente aceitas ficam tão evidentes como psicopatia, como por exemplo, alguém resolve envenenar não por dinheiro ou estuprar usando o nome de deus, mas matar e estripar para fazer casacos de pele de gente, ou colar de orelhas e voltar para casa e viver (aparentemente) normalmente.

Logo repito a questão: onde quando e para quem?

Por que vida e liberdade ou numa só palavra dignidade praticamente inexiste para alguns?

Como é possível se comprar e vender a dignidade de alguns seres inclusive humanos por nada?

Politica, religião e ciência explicam como mas somente a consciência, enquanto autoquestionamento pode dar a verdadeira resposta. Seja como a ciência da ciência, seja enquanto fé ou saber, seja enquanto força de vontade sobre a vontade, alienada ou própria, somente a consciência pode responder o porquê não eles, mas nós fazemos isso.

Onde? quem? E o mais importante? Para quem? Ou seja: Porquê?

Não só é essencial responder perguntas fazendo perguntas a si mesmo, como é mais absolutamente essencial levantar seus próprios questionamentos, não como mera dúvida, mas como estado permanente de próprio-concepção e autodeterminação independente de quanta indignidade e privação somos obrigados a suportar ou enfrentar.

Porquê? A pergunta essencial que dá sentido a todas as coisas, não pode ser respondida senão por quem faz a pergunta e quando a faz de livre e espontânea vontade. E é tudo que precisa para encontrar uma resposta que se procura, mas não é fácil, livrar das respostas prontas e ilusões e realmente se perguntar Porquê? Até esse “porquê?” antes de ser ou não a questão é um estado de espírito. A anima que antecede e sustenta todo esse fenômeno que nos permite dar significado a nossa própria existência: consciência. Mas pode chamar de liberdade em toda a complexidade da nossa forma orgânica de existência dotada de livre vontade, ou se preferir simplesmente vida.

Olhe para o si mesmo e para outro, e use sua capacidade de se colocar no lugar do outro e então pergunte-se: porquê? Não é uma questão de religião, politica nem mesmo ciência, mas sim fé na liberdade e exercício consciência. Até porque sem a essa capacidade empática e a fé libertária no exercício da consciência jamais teríamos nos tornado quem somos, e se a tivéssemos perdido completamente já estaríamos extintos. Bem, talvez já tenhamos perdido e já estejamos fatalmente perdidos, só ainda não sabemos. Mas eis outra preocupação sem sentido que um pouco de questionamento e reflexão resolvem fácil: mortos e extintos a longo prazo tudo e todos estamos todos estamos desde o dia que nascemos, sabendo ou não, o que fazemos da dignidade de nosso tempo de vida eis a questão, e um fato que pode até ser ignorado e apagado da história e esquecido até pela própria memória, mas não da realidade. Mesmo que fosse possível voltar no tempo, e mudar a história, não se apagariam os fatos, mas criar-se-iam realidades alternativas e paralelas, por uma razão muito simples: não há poder, força, nem saber divino ou mundano, material nem transcendental capaz de eliminar o fato primordial: a existência. Ela pode se tornar completamente incognoscível, seja pela falta de conhecimento ou possibilidade de conhecer ou mesmo ausência de seres dotados de cognição, ou fenômenos que possam ser chamados de seres, mas a nulidade aos olhos do outro, sua falta de olhos, ou a abismo infinito de espaço-tempo não anula a existência como fato, mesmo depois que o ser não mais está.

Porquê? Eis o exemplo de uma resposta que não se encontra em deduções a partir de axiomas ou dogmas, que não pode ser respondida originalmente nem por inteligências artificiais nem naturais desligadas e apartadas da natureza da vida enquanto encerradas, egregadas e perdidas na representação ideal, imagética e artificial da vida. Mas tão somente pelo procedimento e mentalidade que se estabelece como disposição e estado de espirito diametralmente oposto, o do ethos libertário; no qual a inteligência está empaticamente ligada a percepção da realidade pelo instinto gregário, e sua noção é produto dessa consciência como forma de vida autônoma dotada da capacidade de viver em estado de livre comunhão e concepção senciente.

Um monte de palavras que não fazem o menor sentido, sem vontade de liberdade, empatia e a pergunta ou estado que dá sentido a todas as questões e questionamentos a começar pelos religiosos e políticos. Porquê?

Em tempos e fascista e bolcheviques temperados por Cabos Daciolos, doido por doido, fico com maluquez de Raul

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Marcus Brancaglione

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.