ESTADISMO: o Ouroboros para tolos (Parte 2)

O holocausto patriarcal do capitalismo estatal

Marcus Brancaglione
6 min readJul 6, 2016

Viver crendo no fim do mundo, mesmo quando se vive num apocalipse é como caminhar olhando para o céus para ver se não seremos atingidos por um asteroide, uma vaca, um suicida ou um até mesmo um cocô na cabeça. Eventos altamente improváveis, e que matam pouco mais gente que ataques de tubarão, dizem.

Porém, o extremo contrário, viver supondo que nada vai acontecer, ou pior, que nada está acontecendo, pode gerar um falsa sensação de estabilidade e segurança tão perigosa quanta a própria paralisia ou fatalismo.

Temos uma tendência epistemológica muito útil de crer que os eventos que assistimos cotidiana e regularmente irão continuar a se repetir com a mesma regularidade. Acreditamos por exemplo de forma muito natural e saudável que o o sol vai nascer amanhã. Essa pressuposição é uma aposta em probabilidades tão altas que mal percebemos que não é uma certeza, mas uma das melhores apostas da vida.

Mas hoje já se sabe que haverá uma geração de “azarados” que não terá a mesma sorte. Existem até aqueles que podem se dar ao luxo de pensar no fim do mundo… daqui alguns lhões de anos, mas da não é muito diferente do fim de cada vida particular. fim dos tempos não é só completamente relativo mas absolutamente assimétrico.

Na verdade, a última geração sem sorte que encontra a extinção é sempre aquela que não pode escapar da sua sina, seja ela natural ou provocada por seus seus semelhantes. O ultimo dos moicanos é sempre apenas o filho das famílias, povos e classes trucidadas e expropriadas. Seja um povo em extinção, seja uma especie inteira, a geração derradeira, os últimos de uma gene, são sempre os filhos daqueles que já viviam no limiar da sobrevivência e de certa forma já estavam apenas no corredor da morte da sua extinção.

Para eles discutir a sobrevivência “astroplanetária” da especie é algo completamente absurdo. Uma sensação de absurdo derivada do saber que não se estará vivo até lá, mas de que sequer seus seus descendentes estarão.

Na verdade o fato de cientistas e estadistas do primeiro mundo poderem se dar ao luxo de debater com seriedade a colonização de outros planetas enquanto enquanto ainda lutamos contra a fome e a guerra e a devastação natural não é apenas sintomático das desigualdades, mas do tipo de homem que pretende continuar prevalecendo a custa da seleção assassina dos demais.

Esta hipótese, do holocausto capitalismo, pode não ter sido formulada sobre nenhuma base científica, mas não tem nada de conspiratória. Não precisa recorrer a nenhum grupo de conspiradores mundiais se reunindo secretamente para dominar o mundo. Ao contrário, prevê que mesmo que houvesse pessoas se reunido para por um fim nisto não seriam capazes, não sozinhas de fazê-lo.

Na verdade o holocausto do estadismo é uma hipótese completamente testável. O que no meu entender é algo completamente inútil. Porque quem consegue ver esse problema não carece desse tipo de prova para se “sensibilizar” e quem pelo contrário as buscas não vai mudar sua visão de mundo por causa delas.

De qualquer forma até para não dizer que estou blefando e entender melhor como penso que funciona esse dito holocausto, podemos verifica-lo primeiro de forma mais fraca e depois de forma mais forte.

Verificação Fraca

Podemos mapear os resultados do avanço das civilizações que cultuam o monopólio da violência, por exemplo sobre a redução da diversidade humana, natural e cultural dos ecossistemas afetados. Povos, espécies e línguas extintas são uma boa pista. Aliás. Não precisamos nem ir muito longe. Regra geral Qualquer povoação baseada nesta cultura deverá seguir o mesmo um padrão: morte, violência, poluição, pobreza e exploração ou perseguição de outros formas de vida (em todos os sentidos) até a sua extinção em massa, quando não de todo o ecossistema.

De fato a quantidade de dados disponíveis para se efetuar esse mapeamento mais superficial que confirme (ou não) esse senso comum que a destruição dos ecossistemas e da diversidade é crescente é muito uma questão de vontade política do que outra coisa. E nisto, a certeza destes cientistas que pregam a conquista de um novo planeta a exemplo do novo mundo, como devoradores de mundos já é uma evidência do quão “dado”está esse processo predatório.

Verificação Forte

Depois podemos confirmá-lo de forma forte como holocausto patriarcal do próprio gênero humano através do mapeamento genético das populações nacionais.

Nesta, se a hipótese estiver incorreta, pouco importará por exemplo se a desigualdade de riquezas continua a aumentar ou diminui a diversidade genética não deixará de aumentar a sua variedade com o aumento da população. Porém se a hipótese estiver correta e o capital atuar mesmo como uma ferramenta de eugenismo (negativo e positivo) a diversidade após um dado período de tempo ao invés de naturalmente aumentar por miscigenação (afinal somos seres sexuados) não apenas terá diminuído, como os genes dos clãs predominantes isto é daqueles que detém o capital estarão presentes em todas as demais classes sociais enquanto os dos dos antepassados dos atuais pobres e miseráveis e empregados estarão praticamente extintos.

Claro que estou menosprezando que o fato de o patriarcalismo é um cultura de estupro em sentido forte, isto é, de assassino dos homens dos povos dominados e estupro das mulheres, mas a tendencia é que os descendentes dos machos primogênitos serão os próximos povoadores do mundo, e seus irmãos e irmãs mais novos os seus escravos e futuros povos e clãs extintos do mundo.

Logo, se as hipótese está correta as classes dominantes de dentro de um determinado território dominado, são em geral os herdeiros dos primogênitos masculinos das classes mais abastadas do passado enquanto os descendentes dos irmãos mais novos sobretudo sexo feminino tendem a ser decair a classe servil enquanto sua gene é tolerada.

Ora mais e as sociedades que não são formadas por uma mesma gene?

O processo é idêntico.

Os irmãos menos próximos e semelhantes vão sendo gradualmente exterminados para dar lugar como servos aos mais. Até que não tão estranhos e estrangeiros aos seus dominadores que não sejam sequer considerados outra raça, mas coisa que pode ser descartada ou consumida como carne bovina ou uma máquina.

Veja que o resultado é sempre o mesmo: a cultura patriarcal tende a exterminar a linhagem feminina do mundo provando a discórdia, segregação escravização da irmandade, até o extermino dos semelhantes em favor dos primogênitos masculinos desses clãs superiores herdeiros do capital.

Note que o fator determinante não é a primogenitura nem o patriarcado, mas a transmissão do capital a uma determinada gene, geração após geração que termina por se ramificar em diferentes famílias, classes e etnias que vão ocupando o lugar das mortas na servidão política e econômica.

O único problema desse processo é que ele requer que gente ao sul do Equador como eu continue acreditando em duas coisas:

  1. que os supremacistas me tomam por gente igual a eles e não por coisa.
  2. que Não sou absolutamente igual a meus irmãos morrendo nas periferias, apenas porque eu o meus filhos (ainda) não são a bola da vez.

E eu não acredito em nenhuma destas coisas. Eu creio que somos todos iguais, mas como negros e não como brancos. E se você não vê diferença ou isso lhe incomoda é justamente porque não entendeu o quão amplo e profundo é o significado humano do Ser humano não mais branco de fabrica, mas negro mulher e pobre não por ideologia mas por solidariedade e ativismo social.

O supremacismo e o estadismo fracassaram.

O culto milenar ao poder supremo aos valores únicos falharam completamente como projeto pax para a humanidade e estratégia de sobrevivência da especie. E persistir nesse modelo nos levará a guerra e extinção em massa. Não estamos apenas em um processo acelerado de degradação do nosso meio ambiente. Estamos em um processo lento de holocausto da nossa própria espécie.

Não acredito que o homem conseguirá destruir o planeta, mas que ele findará os meios vitais e ambientais necessários que nos sustentam nossa própria forma de vida e de mutias outras não tenham dúvida. Estamos vivendo muito além da nosso capacidade tecnológica e estupidez coletiva.

Quem entende o que é o capital. Sabe que esse processo não é apenas desumano, é o suicídio do próprio sistema. O capital não se compõe meramente de propriedades mas do trabalho capaz de extrair o rendimento. E pior do que a morte dos pobres sem terras e a dos ricos sem gente.

Mas o que eu posso dizer? Bom-apetite. Ele é insaciável mesmo.

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Marcus Brancaglione

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.