E se… padres e pastores fossem eleitos? E se… evangélicos “protegessem” punks contra ditaduras?

Um contraponto de outros mundos aos retrógrados e reacionários.

Marcus Brancaglione
4 min readSep 19, 2017

Créditos das matérias e fotos a BBC Brasil

Arcebispa da Suécia

Democratizando… as Igrejas

O sistema eleitoral dessa instituição cristã é único no mundo. A cada quatro anos, os cidadãos filiados à igreja elegem uma espécie de Parlamento da Igreja Sueca (Svenska kyrkan), a que é a maior organização religiosa do país.

Esse Parlamento é composto tanto por representantes do clero como por leigos e tem o poder de decidir não só questões mundanas, como a reforma das paróquias e o valor de doações a países pobres, mas também assuntos de ordem teológica — a exemplo do casamento entre pessoas do mesmo sexo, aprovado pela Igreja Sueca em 2009.

“A Constituição sueca é clara: a Igreja deve ser democrática e aberta”, diz à BBC Brasil a pastora sueca Jenny Sjögren, chefe do Departamento de Teologia e Ecumenismo da Igreja da Suécia. (…)

“Pode-se dizer que a Igreja da Suécia tem um sistema eleitoral único no mundo, no sentido de que todas as instâncias do poder decisório da instituição são eleitas de forma direta. Embora as igrejas protestantes de países como a Noruega realizem algum tipo de eleições, em geral os pleitos ocorrem apenas a nível paroquial. Já na Suécia, desde a virada do milênio o próprio Sínodo Geral, que pode ser definido como o Parlamento da Igreja Sueca, é eleito nas urnas”, acrescentou Sjögren, que se tornou padre há 17 anos: desde 1958, a Igreja da Suécia aceita a ordenação feminina.

[Porém…] As eleições, contudo, estão atreladas à política tradicional. Representantes de três dos oito partidos políticos tradicionais do país disputaram o pleito, ao lado de grupos independentes. Os resultados preliminares indicam que o Partido Social-Democrata, nacionalista e anti-imigração, conquistou a maior parcela dos votos e aumentou sua participação na Igreja. -O país onde até os líderes da Igreja são escolhidos por voto direto

Punk-Rock e Igreja Evangélica contra a STASI (a Polícia Secreta da Ditadura na antiga Alemanha Oriental)

O Museu da Stasi, em Berlim, exibe foto de registro policial de um punk preso pela polícia.

O objetivo da polícia secreta era impedir que aquela música se alastrasse e ficasse conhecida por todo o país, explica Jurgen Breski, um ex-oficial da Stasi encarregado de infiltrar e monitorar o circuito de rock na RDA.

(Meus chefes) “queriam inculcar no povo um estilo de vida socialista, então tentávamos combater qualquer coisa que não pertencesse àquilo”, diz Breski.

Para atingir seu objetivo, a Stasi recrutava informantes. Outra tática era convocar integrantes de bandas ilegais para o serviço militar obrigatório. “De repente, a banda não tinha mais músicos”, conta o ex-agente.

Alguns grupos, no entanto, conseguiram driblar a polícia secreta.

Dirk Kalinowski, do grupo punk Zerfall, disse à BBC que sua banda sobreviveu graças a uma inusitada aliança com uma Igreja Evangélica de Berlim que deu abrigo ao grupo. As autoridades da RDA não queriam atrair a atenção internacional com interferências diretas em atividades da Igreja.

O espaço da igreja era protegido, ele diz.

“Eles podiam te prender ao entrar ou sair. Mas lá dentro você estava seguro”, conta o roqueiro.

Assim, os Zerfall — banidos pelo Estado — se apresentavam no meio das missas evangélicas. O pastor fazia uma pausa e pedia à congregação, a maioria já idosa, que ouvisse algo “um pouco diferente”.

“Era muito louco”, lembra Kalinowski. “Eu podia ver nos olhos da congregação que estavam totalmente chocados. Os únicos que não se abalavam eram as crianças, que comaçavam a pular imediatamente. Vi um casal tampar os ouvidos e sair.”

Uma outra igreja foi palco de mais um concerto extraordinário: o da banda alemâ ocidental Die Toten Hosen, que foi “contrabandeada” para dentro da RDA peloprodutor britânico Mark Reeder.

“Eu disse aos meus amigos, ‘Se eu for pego, vão me expulsar do país. Mas se vocês forem pegos, suas vidas vão mudar. Vão ser classificados como inimigos do Estado’”, conta Reeder à BBC. O grupo foi em frente, cruzando o Muro de Berlim sob disfarce.

Apenas 25 pessoas puderam ir ao show secreto do Die Toten Hosen na igreja em Berlim Oriental. “Mas todos sabiam que o que estava acontecendo ali era algo muito especial, que talvez nunca se repetisse”, disse à BBC o cantor do grupo, Campino.- Como o punk e o heavy metal desafiaram a polícia secreta da Alemanha Oriental e ajudaram a derrubar o Muro de Berlim

E se…

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Marcus Brancaglione

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.