Charada: Qual é a diferença entre um acendedor de lampião e um advogado?

Marcus Brancaglione
5 min readJul 3, 2018

Se você leu o título da notícia e ficou curioso porque e como a Ordem dos Advogados do Brasil de repente entrou de cabeça no debate da automação, e o emprego anti-ético e até mesmo criminoso dos Algorítimos de Inteligência Artificial por grandes corporações.

De acordo com Conselho dos Consumidores da Noruega, a Google, a Microsoft e o Facebook utilizam “padrões negativos” para enganar usuários de suas plataformas a entregarem mais dados pessoais. (…) Dessa maneira, os usuários acabam compartilhando mais dados e aceitam “sair” do guarda-chuva da GDPR — nova lei europeia que protege os dados de cidadãos. (…)

Agora, o Conselho dos Consumidores da Noruega uniu um grupo de oito advogados que está pedindo uma investigação aos órgãos da Europa. O intuito é que as empresas parem de “enganar e manipular” usuários por meio de táticas.-Você é manipulado por meio de padrões pelo Facebook e Google

Então perca sua curiosidade. Obviamente não é nada disso. É bem mais óbvia e evidente, até demais:

O anúncio vem dias depois de o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e a seccional fluminense da OAB-RJ publicarem uma nota de repúdio a uma ferramenta que ajuda pessoas em ações trabalhistas, lançada pela empresa Hurst. (…)

O coordenador do grupo de inteligência artificial será José Américo Leite Filho, diretor jurídico da Febratel (Federação Brasileira das Empresas de Telecomunicações).

O presidente do Conselho Federal da OAB, Claudio Lamachia, afirma estar preocupado que as recentes ferramentas, como os robôs virtuais, vendam como grande vantagem a dispensa da atuação de advogados. — OAB anuncia grupo para regulamentar o uso de inteligência artificial

É corporativismo mesmo. E claro o direito trabalhista… o deles. Facilidade? Vantagem? Isso aqui é Brasil. Vantagem? Vantagem é só para quem pode pagar. Porque facilidade aqui só se for venda casada com dificuldade. Caga-se dificuldades como regras para depois cobrar por facilidades e vantagens para se livrar delas. E querendo ou não, comprando ou não paga-se por elas, porque as contribuições sejam para vender facilidades, seja para cagar dificuldades é compulsória, e pior, vem embutida no custo Brasil. Eles protegem o emprego deles e o desempregado paga. Como e com o quê? Roubando? Não tem problema. A teoria das janelas quebradas explica. Mais negócios.

Esquece. Os Estados-Nações vai falir antes do Brasil virar qualquer coisa supostamente parecida com o que deveria ser um país de verdade, ou um estado de direito. Aqui a luta não é de classes, a luta é de categorias. Cada setor profissional lutando por quinhão as custas dos demais, legalmente é claro, ou o que é a mesma coisa nesse tipo de máquina estatal: lutando com unhas e dentes para não largar a teta que tomaram para chamar de sua. Não temos sociedade nem associação de classes nem profissionais, mas sindicatos no sentido pejorativo que essa palavra ganhou depois dessas organizações perderem seu caráter popular e social para se tornar aparelhos paraestatais ramificados nos outros setores da sociedade. Aqui até o ter direito a e exercer a cidadania depende não só da categoria de cidadão que você é. Mas sobretudo se você tem ou não dinheiro para comprar um bom advogado.

Tolo de quem vê o mundo em direita e esquerda. Existe apenas gente como gente (ou menos) que não é gente, e gente que é gente como eles: que tem advogue por eles, e tudo e todos mais de bom e de ruim que dinheiro pode comprar:

Moral da história

Se for roubar, roube muito. Porque para ter justiça basta ter um bom advogado, mas comprar um, perdão contratar, custa caro. Mas é aquela história para quem tem dinheiro isso não é custo é investimento, e de longo prazo. E bota longo prazo nisso.

Essa é a diferença entre o ascendedor de lampião e o advogado; A diferença entre as profissões que extintas, as que ainda vão se extinguir, e aqueles que nunca vão se extinguir, não enquanto houver Estado para sustentá-las. Nem se robôs estiverem fazendo tudo, ou as próprias coisas forem suficientemente inteligentes e autônomas para se fazerem sozinhas, enquanto a velha maquina estatal e suas engrenagens pobres e enferrujadas estiverem rodando, haverá uma classes de profissionais ganhando e cobrando para manter as luzes a lampião mesmo que não existam mais relógios de corda.

Aliás essa é a diferença não só entre as profissões que um dia foram úteis e acabaram se tornando obsoletas. Essa a diferença entre as profissões que deixarão de existir em breve e aquelas que nunca deveriam ter existido. Nunca prestaram para nada, custam caro e tomam, e ainda por cima quebra o que não é seu.

Charada: Adivinhe de qual profissão, que não deveria ser uma profissão eu estou falando?

Quem disse ladrão acertou. quem disse político também.

Porque sabe qual é a diferença entre o político e o ladrão. Aquela invenção, aquela máquina que separa uns da cadeias e outros dos palácios. Máquina feita de gente e que se alimenta de gente. Mas ainda sim máquina, feita só de corpo sem alma: Estado.

Um dia Bonners, e Galvãos não tem mais emprego e talvez sigam os passos dos Datenas e Ratinhos e entrem na política. Mas os Gilmares Mendes e suas turmas, esses ficarão para semente. Pelo menos eles não apresentam notícias. E no Brasil só a Hora do Brasil é obrigatória, e no radio. A TV Justiça não, ao menos por enquanto. Afinal não há nada que uma atualização nas leis não resolva, nem possa.

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Marcus Brancaglione

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.