Catalunha e Espanha: Democracia ou Totalitarismo?

Informação, Propriedade, Opinião e Midia.

Marcus Brancaglione
31 min readOct 22, 2017

A grande questão que me faço neste momento já não é mais sobre a Catalunha seu povo, seu governo, ou mesmo o Governo e Tribunais Espanhóis. Mas qual é a opinião de todo o povo da Espanha. Considerando que o povo da Espanha não é um todo, como nenhum é, mas alguns são menos que outros, especialmente quanto mais autoritários discriminatórios e segregacionistas. Com estariam pensando e se sentindo os andaluzes, bascos,valencianos,galegos, e porque não? madrilenhos. Mesmo os unionistas como estariam se se sentindo em relação a postura e medidas tomadas pelo seu governo conservador? Não é uma pergunta retórica. Não duvido que muitos apoiem, mas mesmo em Madrid muito me interessa pessoalmente falando qual seria a posição a proporção das divisões internas. Digo pessoalmente porque sou tenho ascendência madrilenha, e não catalã. Um dos meus bisavós paternos era de Madrid. Não o conheci, conheci mais segundo meus pais era um doce de pessoa que imigrou para o Brasil inclusive menino para fugir de ter que servir nos exércitos de Franco, abandonando mãe e família do qual nunca conseguiu reencontrar. Qual seria a posição de espanhóis e madrilenhos com ele? Ou será que os que ficaram morreram todos de corpo ou alma ainda meninos fardados servindo nas infantarias franquistas? E nos outras regiões especialmente as autônomas, especialmente a Basca, que como a Irlanda buscou na luta armada a sua independência, porém sem sucesso?

Quanto aos governos e governantes eu não tenho dúvidas só certezas. Mas e quantos aos povos? Não só na Espanha. Mas na Europa. E demais povos ibéricos e latinos que compartilham das mesmas raízes e influências culturais e genealógicas? O que eles sentem e pensam de tudo isso? Ou não pensam nem sentem? Da Africa, a Portugal e Espanha, a America-Latina tem alguma consciência de identidades e afinidades que constituem as comunidades internacionais? Ou alguma preocupação menos solidária e mais pragmática mesmo com as consequências, que esse tipo de precedente abre em países onde a democracia e o valor que se dá aos direitos fundamentais da pessoa humana e dos povos e minorias é ainda mais precário frente ao conservadorismo reacionário autoritário e fundamentalista, para não dizer idolatra e fanático?

Em suma, qual é a opinião da população sobretudo antes de tudo na Espanha? Ou será que ela e nós estamos mais está interessada em saber mesmo a opinião da “Real Academia Espanhola (RAE), instituição responsável por determinar a norma culta da língua espanhola” sobre isso: “Como resposta de criança a exercício escolar provocou debate que mobilizou até ‘guardiões da língua espanhola

Acho que não. Quem está interessado nesses debates e outros, são evidentemente os outros interesses para-governamentais, não-sociais e não-populares tanto os velhos monopólios da mídia quanto das novas:

O Facebook e a Google colaboraram diretamente com a firma de publicidade Harris Media no direcionamento de propagandas anti-islamismo em redes sociais e em alguns sites na internet.

A colaboração das gigantescas empresas não se deu apenas através de algoritmos ou algo do tipo. A Harris Media, que estava trabalhando na campanha eleitoral de 2016 nos EUA, contou com assistência direta de funcionários da Google e do Facebook.

As propagandas apareceram nas redes sociais de eleitores de estados onde os resultados das votações ainda eram incertos, como Nevada e Carolina do Norte. (…)

Este conteúdo deixou funcionários da firma Harris Media bastante desconfortáveis. “Ele foi projetado para colocar medo nos corações das pessoas”, explica um dos ex-funcionários da empresa de propaganda.

Não se sabe até que ponto os funcionários de Google e Facebook colaboraram com essas campanhas. De acordo com o diretor da parte digital da campanha de Donald Trump, ele possuía empregados do Facebook como “trabalhadores incorporados” durante o processo eleitoral. Ele escolheu apenas Republicanos para a tarefa. Segundo representantes da rede social, foram oferecidos serviços-padrão para a campanha.

Além destes comerciais, a Harris Media foi contratada pelo grupo Secure America Now para criar propagandas com links que fazem ligações falsas entre candidatos democratas e terroristas.

De acordo com 2 pessoas que trabalharam nesta campanha, em alguns casos as propagandas eram altamente direcionadas para grupos específicos de pessoas que seriam mais fáceis de influenciar com a mensagem anti-refugiados. Um exemplo são os hispânicos [grifo meu] de Nevada. -Redes sociais. Facebook e Google ajudaram a promover campanha anti-refugiados nos EUA

Ah, Google e Facebook, esses aí, vocês também podem confiar… também é FRIBOI. Afinal de contas se informação, é o capital, da nova eles são os mais novos membros do clube dos barões ladrões. Porque capital em principio nunca tem dono, ele é de quem chega e toma primeiro, ainda que esse capital seja sejam os seus dados, sua privacidade. Que frescura! para quem já tomou até o corpo e a terra dos outros, que porcaria de direito natural é esse das pessoas sobre seus dados e privacidade? Dados, informação só tem dono depois de tomados patenteados e registrados e reconhecidos em cartório, ou no cartório apropriado, os escritórios de patentes e propriedades e intelectuais, que por sinal em breve não serão mais “escritórios”, mas algorítimos de blockchain advinha a título de posse e controle de quem?

Eu não sei quanto a você, mas a mim interessa e muito tanto saber de onde vem e onde deram as nossas raízes totalitárias e escravagistas que no nosso caso já dão todos os sinais que desbundaram para a patologia piscopática criminosa:

Quanto saber para onde estão indo, e em que vão dar se não fizermos nunca o que nunca fizemos: cortar o mal pela raiz que sempre fica para semente. E como fica…

E tem gente que acha que não jura que o Brasil não é uma fazenda escravagista, deve ser porque é preto-da-casa ou feitor de alguma das capitanias hereditárias. Ou não, talvez seja o capitão-do-mato do nosso governo provincial ou até mesmo burocrata da grande metrópole. Ou quem sabe até de alguma das companhia das Índias Ocidentais. Quem sabe? Certo mesmo é que não vive na senzala, porque do contrário não teria como esquecer o que é. Então não custa para lembrar que nem todo escravo é do campo, mas também domésticos a viver nas casas-grandes. Aliás por sinal não sou eu nem eu que estou fazendo questão de jogar na nossa cara essa nossa condição servil, é ele. O “nosso” feitor-mor.

Temer. Como eu desprezo os políticos e autoritários e tarados por poder em geral. Preciso fazer um elegia a parte para esse elemento, por uma questão de justiça para os demais membros da sua classe vil. Se repugnar com a pessoa dele por ser meramente um político, é um injustiça para com os demais quanto para suas qualidades do seu caráter. Temer é daquele “tipo de gente” que se a política não fosse o é, ele a inventaria. Ele é a encarnação da pusilanimidade. Não consigo negar minha repulsa por Dilma, Lula, Renan, Alckmin e até Aécio, é da sua persona política. Mas dele não consigo negar, minha ojeriza beira o nojo espiritual, ele provoca náuseas, que só os seres mais pobres em alma que já tive o desprazer de cruzar na política mesmo causam. E não estou dizendo isso para tentar ser ofensivo, estou dizendo porque a náusea é tão insuportável que não consigo fingir que não sinto o cheiro da sua alma pútrida ainda encarnada a sugar como um sangue-suga a vida alheia. Ele não só corrupto, ou criminoso, deformado ou amorfo ele define a palavra um ser humano podre. Não fosse ele político, fosse padre, professor, juiz, fosse ele um mendigo, ele seria antes de tudo o que é, simplesmente isto: um Temer. Pobre do filho do cara, ou dos filhos desses caras, quando crescerem um dia, e se não for igual a ele, como as gerações de alemães atuais vão olhar para seus pais e avós e ter que pensar: eles fizeram isso.

E não adianta vir com aquela historinha de que naquele tempo era normal, que todo mundo pensava assim…como todos podemos ver, ao vivo e a cores, não é… nunca é. Quem normaliza e normatiza a monstruosidade são os monstros, os mortos-vivos que querem e acham que vão viver para sempre.

É por isso que quando escrevi em 2015 o livro Revolução, antes de muito do que estamos assistindo acontecer muita gente disse que eu era um radical. Mas, hoje sou eu que digo com o suporte da desgraça que infelizmente se concretizou, não sou eu que sou radical são vocês que estão a se conformar com o que nenhuma pessoa deveria se conformar nem jamais ser conformada.

O Brasil não é caso de separação deste ou daquele Estado ou Pessoa, é caso de separação de todos os Estados de todas as pessoas desta tirania que o desgoverna, escraviza e mata. Repito o Brasil é caso de Revolução, pacífica, mas nada menos que Revolução.

Bem sabe quem vive fora da bolha: o Brasil não é caso de reforma, é caso de revolução. Não quero dizer violenta, nem jamais autoritária, mas necessariamente revolução.

Não prego nenhum levante armado, mas não há lei ou moral que possa demandar com justiça a renúncia a legítima defesa. Ninguém pode exigir que o violentado evite o confronto se não pode fugir da sua própria vida como sina, nem deixar de viver senão lutando pela subsistência. Ninguém consegue escapar do enfrentamento se sua vida foi reduzida a mera luta pela sobrevivência e a sua terra foi pervertida em campo de violação dos seus direitos fundamentais.

Não. Não se pode exigir que o violentado peça “por favor” para que seus violentadores parem de currá-lo, ou que o faminto espere o dia do julgamento para que se ponha um fim as suas privações. Com ou sem vereditos, simplesmente é nula qualquer proibição ou sentença contra a vida e liberdade; é simplesmente nulo todo juízo contra a autopreservação alheia.

Não há justiça sem proteção igual dos direitos naturais, e a estatização e privatização da natureza contra a pessoa natural, o estado de privação dos meios vitais e segregação dos direitos fundamentais não é apenas ilegítimo, é criminoso. Não há lei ou tribunal capaz de legitimar nenhum monopólio, quanto mais o da violência sobre o bem comum. Nada é capaz de legitimar a obediência e trabalho forçado pela ameaça de privação da liberdade e necessidades básicas.

Nenhum poder supremo pode legitimar o roubo das propriedades naturais, particulares e comuns, nem descriminalizar a servidão dos expropriados pela grilagem legal e ilegal. Simplesmente, não há lei capaz de legalizar os crimes contra humanidade do Estado e suas corporações privadas, ou criminalizar a legítima defesa das pessoas e sociedades contra violação da sua vida, natureza e liberdade, seus direitos fundamentais.

As leis e decretos, títulos e concessões, contra o direito natural não tem outra validade senão de prova dos crimes cometidos por quem se esconde atrás destas personas jurídicas, estatais e privadas, e suas hierarquias. As constituições dos estados de supremacia da violência para monopólio dos meios vitais; o sistema de segregação dos bens comuns para a submissão dos expropriados; todo absurdo imposto como legal e real contra o direito natural e humano, é em verdade apenas a prova por escrito dos crimes de estado contra o povo e a humanidade; a prova do atentado contra a vida e liberdade de cada pessoa natural. É a prova do estado criminoso instaurado contra os habitantes dos territórios estatizados, forçados ao trabalho alienado pela privação dos meios vitais e expropriação sistemática das suas propriedades naturais particulares comuns por tributação.

Não se deixe enganar: se as pessoas não se levantam ou manifestam contra seus usurpadores não é por respeito ou consideração, mas por temor e até esperança. Ou como diz a sabedoria popular: não se deve contrariar maníacos e fanáticos, principalmente se armados- não sem uma boa chance de rendê-los. (…)

Não há conspirações; os hipócritas arrogantes, senhores da violência e da terra, governam o mundo a luz do dia, da lei e da ordem, posando de benfeitores e protetores dos outros contra a vontade alheia. E não mandam e desmandam porque os violentados não reagem e protestam, mas sim e simplesmente porque os violentados estão imobilizados e silenciados. Não, não é porque ninguém levanta armas contra os armados, nem se diz nada contra a violência que se pode supor que se concorde com o domínio das armas e da violência.(…)

Não, no poder ou no estupro, quem cala não consente. Supor que o silêncio do povo é seu consentimento tácito ao Estado é o mesmo que afirmar que o estupro de quem não reage não é crime porque “quem não grita, não reage consente”. Não, o poder é ainda pior, porque nem todo estuprador detém a força legal para criminalizar a própria reação da vítima e fazer dos seus crimes lei e justiça. Não é por acaso que de todos os crimes de Estado contra povos, classes, gêneros e gerações, é contra os direitos naturais da mulher que o caráter violentador e perverso do pátrio-poder fica mais explícito. E se você está ofendido com a comparação ou acha ela indevida, é talvez porque seja mesmo… nem todos violentadores somados ao longo da história violaram e estupraram e mataram tanto quanto os homens a serviço dos Estados e seus deuses.

É absurdo, mas o poder supremacista não apenas exige obediência incondicional dos submetidos ao seu estado de violência, como intimida e imobiliza legalmente vítimas e testemunhas, criminalizando toda tentativa de denúncia ou defesa contra seus crimes! E o mais revoltante de tudo isto, é que como todo violentador convicto, a autoridade, não apenas viola descaradamente, mas alega que o quê faz não só é absolutamente necessário como é o melhor para todos, inclusive para a vítima! A essa perversidade de dizer que ela merecia ou mesmo “estava pedindo” calada por tudo o que se faz contra a vontade dela dá-se o nome de “consentimento tácito”.

No sistema de legalização da violência pela supremacia da violência, o culto ao poder se racionaliza pela lógica do absurdo: o violentado não tem direito de resistir contra uma autoridade entitulada porque deu calado seu consentimento para que ela agisse não só em seu nome, mas contra ele e sua vontade. E não adianta dizer nada, porque nenhum outro entendimento conta; o único entendimento que vale é da autoridade. Simplesmente, não adianta se manifestar contra a autoridade, ela não é apenas ignorante, ou se faz de; ela faz da ignorância o seu dogma tanto no agir sem pensar quanto no pressupor sem ouvir. Não adianta gritar nem com eles, nem muito menos para eles: Toda autoridade ouve e pode ouvir muito bem, até o que não deveria, mas só escuta e responde quando quer.

O consentimento tácito é uma farsa. Uma falsa pressuposição. E não é feito só do silêncio de todas as vítimas inocentes ou das testemunhas caladas pelo estado de violência, mas antes da pressuposição de que a voz dos violentados não tem valor perante a dos violentadores devidamente legitimados pelos títulos de posse, autoridade e poder. O poder é a prepotência da preconceituação, e se institucionaliza como segregação pela discriminação dos próprios supremacistas como donos do mundo não apenas como ele é dado naturalmente, mas como eles o querem que sejam artificial e distopicamente.

Em outras palavras, para eles, somos todos iguais… menos eles; ou mais precisamente, somos todos a mesma coisa… exceto eles. De fato, somos todos iguais, mas não em autoridade sobre o bem comum, não em liberdades fundamentais, mas sim em submissão a estes supremacistas, que se arrogam a autoridade para predeterminar quem não são os sujeitos e quem são seus meros objetos. (…)

A origem do poder é a discriminação dos seres humanos e a segregação dos direitos naturais. Os estados são apartheid de povos, classes, gêneros e gerações; a segregação dos bens comuns e usufruto dos meios vitais, a subtração das liberdades fundamentais para institucionalização da desigualdade de poderes e autoridades. A privação dos meios de vida para imposição de obrigações sobre os destituídos de direitos naturais. O poder não é só a violência da repressão, mas antes e depois a prepotência que impõe pela privação, geração após geração, quem são os sujeitos que controlarão o mundo natural e quem serão as pessoas reduzidas a coisas e engrenagens deste mundo-máquina desnaturado como corpo artificial, privado e estatal.

O consentimento tácito não é, portanto a ditadura da opinião da maioria (ou minoria) a revelia da vontade manifesta de cada indivíduo; não é apenas a pressuposição de validade da imposição de uma opinião amalgamada contra o livre entendimento entre todos; é rigorosamente a imposição de uma vontade coletiva fictícia pela negação das condições fundamentais a liberdade de manifestação de cada um. É a ditadura da preconcepção absoluta como vontade única do todo contra a vontade e o consenso de cada pessoa em particular. A imposição a força de uma falsa vontade coletiva pela negação da plena liberdade de expressão e livre associação as pessoas naturais. A intimidação da livre comunhão de paz, consciente e solidária, pela imposição violenta da preconcepção ignorante de um estado totalitário de inconsciência coletiva.

O consentimento tácito é assim, tanto o produto do silenciamento dos povos e pessoas através da violação da liberdade por censura e imobilização, quanto da falsificação da legitimidade pelo mito totalitário da vontade coletiva- imposta não por acaso por ídolos e signos autoritários de poder. O mito da vontade coletiva, do todo contra a vontade de cada um. Este delírio cultural de idolatria ao poder e culto ao absoluto constituinte dos leviatãs é mais do que uma mera condição mental de conformação, é uma condição ambiental e psicologia de alienação arquitetada e forçada por trauma violento das necessidades naturais.

Não existe servidão voluntária; nem como fenômeno nem como condição. A vontade da pessoa contra sua pessoa natural não é senão, a perversão da institucionalização do comportamento condicionado não apenas contra a manifestação da sua própria livre vontade e vocação, mas contra as condições materiais e emocionais para o desenvolvimento humano e natural. Mais do que alienação, a “servidão voluntária” é possessão, rigorosamente o comportamento condicionado contra a vida e a natureza do próprio possuído.

Entretanto há que se admitir: quando o violentado passa a crer neste tipo de mito de dominação de que “quem curra e é currado, o faz para seu próprio bem e o dos outros”; quando passa histericamente a renegar a paz e a vocação dos outros para satisfazer os desejos de posse e poder alheios; ele deixa de ser apenas um fanático alienado para se tornar idólatra possesso. Ao dar corpo ao mito, o idólatra não gera nenhuma “vontade coletiva”, mas definitivamente alimenta com sua própria anima o mais demente e perverso de todos fenômenos geradores de guerras e discórdias entre os povos e pessoas: a egrégora dos violentadores e violentados, não só mais submissos e conformados, mas absolutamente obedientes e crentes de que todo o mal é “necessário” para seu “bem maior”- e não importa contra a vida de quem esse mal se volte, mesmo que seja a sua.

Não, mas nem matando; a desinteligência que subtrai a livre consciência e constitui o comportamento condicionado de manada dos coletivos alienados não justifica nenhum estado de poder ou movimento para sua tomada. Nenhuma cultura, culto idólatra ou ideologia pode se impor como ordem ou estado contra a livre vontade de ninguém, quanto mais se arrogar como a própria realidade ou legalidade prepotente e absoluta. Essa simples ameaça totalitária inerente a toda cultura supremacista e monopólio do poder, esse simples movimento para deflagrar tal violência contra o direito natural de qualquer ser humano não apenas permite a legítima defesa, gera a demanda pela proteção e defesa mútua.

Se esses movimentos de defesa ou libertação serão chamados de golpes ou revoluções, não é o discurso dos seus teóricos ou a desinformação e contrainformação da propaganda alheia que irão des ou qualificá-los, mas sim a congruência do seu discurso com sua prática. Princípios, objetivos, boas intenções e promessas não legitimam nada, são os atos que determinam na prática a legitimidade dos meios, não só verificando quais são os verdadeiros princípios e objetivos, mas se a os discursos de fato são legítimos como prática. Fora do arcabouço das racionalizações do poder, os fins jamais justificam os meios; fora da caverna, são sim os meios que sempre determinam a coerência dos fins com os princípios.(…)

Justo e legítimo, portanto não é o suposto consentimento tácito, sádico e masoquista dos violentadores e violentados, mas a suposição que sem consentimento explícito, toda hierarquia ou relação de poder é criminosa. Legítima, portanto, não é a suposição de consentimento ao monopólio da violência, mas a suposição de esperança de liberdade de todos que mesmo sem poder se manifestar contra, por óbvio não consentem com sua violação, mas esperam sim por justiça e pelo dia da libertação.

A liberdade fundamental não é o fazer tudo que se quer e como puder, mas ter naturalmente o necessário para fazer por si mesmo e aos outros o que se precisa, quando puder e se quiser. Em geral, todos nascem dotados de capacidade para aprender a discernir entre o bem e o mal para em algum momento da vida poder decidir o que é bom ou ruim por conta própria. Todo mundo já nasce dotado de livre vontade, mas bem poucos têm as condições necessárias para desenvolver e exercer até mesmo sua capacidade inata mais fundamental: o livre-arbítrio — o que dizer então da vocação?

Lógico e legítimo não é, portanto, supor que as pessoas não queiram manifestar sua livre vontade, buscar sua vocação, ou o exercer plenamente seu livre-arbítrio do mas justamente o contrário. E se esta decisão for servir ou trabalhar para os outros, que seja; se tomada livre de coação por necessidade. Qualquer suposição contrária ou condição imposição contra o livre-arbítrio de adultos e responsáveis, ou pior contra desenvolvimento da independência e emancipação de pessoas e sociedades em desenvolvimento não é apenas inválida, mas criminosa e hedionda.

É claro, que a defesa do direito natural à liberdade não dá a ninguém a autoridade para agir a revelia dos outros para sua libertação, mas legítima toda ação para acabar com a usurpação dos meios necessários a liberdade e moral de qualquer um. Toda ação de libertação de quem não tem como se defender ou manifestar; toda ação proporcional contra atos violentos que estejam sendo praticados sem a prévia ou clara manifestação pública da sua vontade de todos os envolvidos, não é só legítima, mas justa.

Não estou negando o direito dos fanáticos idolatrarem seus reis, reinos e alucinações; toda pessoa tem o direito de crer e se submeter aos mitos e poderes supremos que ela quiser. Se pessoas adultas e capazes querem se violar ou se violarem, isto é um problema delas e não meu, desde que não imponham seus desejos, culturas, ritos, e fantasias (patrióticas, religiosos, científicas, ou seja lá qual forem) contra mim ou quem eu quero proteger. E que não venham dizer que sua violência contra os outros não é da minha conta, só porque ainda não se voltaram contra mim. Nenhuma união dos violentos e egoístas tem prerrogativa para impor a desinteligência e a ignorância contra a empatia, compaixão e todos os instintos naturais de solidariedade. (…)

Quando a violência não for mais prerrogativa de ninguém, não for permitida, nem muito menos subsidiada, mas sim repudiada e repelida por toda livre comunhão de legítima defesa da paz, não só a discriminação se tornará um custo insustentável, mas a apropriação, segregação e monopólio do bem comum será um crime com custos insustentável, e não mais um Estado redistribuidor dos custos dos crimes as vítimas. Não, as pessoas de paz não devem ser passivas, não só podem reagir e defender com toda força necessária seu estado de paz e liberdade, como podem e devem voluntariamente se associar a todas as outras pessoas livres e sociedades dotadas do mesmo entendimento e disposição para preservar o equilíbrio distribuído da força de fato que compõe tanto a igualdade entre todos, quanto a garantia de fato da liberdade fundamental de cada um, como direito natural e não de papel.

Ninguém pode se proclamar ou ser proclamado dono de todas as terras, territórios e recursos naturais contra a vontade de sequer uma única pessoa que viva e precise também delas. Ninguém tem o direito de se proclamar ou ser proclamado como a autoridade sobre outra pessoa, ou sobre tudo o que ela naturalmente precisa para viver. Isto é tão falso e absurdo quanto feudal. Mas muito menos incongruente do que atuais déspotas supostamente esclarecidos eram os antigos senhores feudais que arrogavam direitos divinos sobre a terra. Porque quem se você se vê tem servos que acreditam mesmo que o criador é um sujeito, porque eles não podem crer que só alguns abençoados nascem com privilégios sobre a terra? Mas se você se vê como pessoa livre e ainda hoje acredita que tem gente que não é só dona das terras, mas senhores de todo um território só porque o cercou e embandeirou antes dos outros, ou se armou até os dentes contra todo mundo, então você é mais crédulo que seus antepassados com todos seus reis e deuses todo poderosos. Mais crente e ainda mais alienado, porque ao menos eles sabiam que eram servos.

Quem se apodera ou segrega o que os outros também precisam para viver seja porque diz que chegou primeiro, seja simplesmente porque tem força, não é apenas um ladrão, é um assassino. E não é só um genocida das populações e gerações que lá viviam antes quando chegou “primeiro”, mas da sua própria descendência que também precisam de tudo que há de natural e vital- e não é deles, nem de ninguém, mas de usufruto de todos os seres vivos, que habitam as terras que eles tomam por seu território privado e estatal.

O Estado é campo de extermínio lento das gerações passadas, presentes e futuras onde só sobrevivem aqueles que renunciam a sua própria vida e concepção para viver e manter a anterior. Onde só sobrevivem aqueles que se convertem na negação da nova geração para afirmar a velha. É o sistema de perversão da natureza, onde não é mais o velho que dá lugar ao novo, mas o novo que é morto e sacrificado aos pés dos ídolos e ritos supremacistas para sustentar as múmias dos todo poderosos e seus malditos cultos de poder total. Infantarias, holocaustos, guerras, fábricas e fome ou em suma numa única palavra: Estado.

Chame-se e justifique-se como quiser: libertário, autoritário, humanista ou qualquer coisa. Os discursos não importam; perante as práticas violentas de qualquer cultura supremacista, toda pessoa tem naturalmente o direito natural e legítimo de se defender. E não é só o violentado que tem o direito de se defender: toda pessoa livre não só pode, como deveria se solidarizar com uma causa que mais hora menos hora será também a sua ou a dos seus filhos, a causa de libertação de tudo que é mais sagrado e está sequestrado pelo corpo artificial: a vida, a liberdade e a natureza.(…)

Não, não só podemos agir em favor daqueles que não tem voz nem meios para se defender, devemos. Se não queremos ser predados ou viver sob o domínio do terror dos supremacistas e violentadores, devemos sempre que pudermos nos levantar e voluntariamente resistir contra toda ameaça de agressão e privação, principalmente a dos adoradores e maníacos por poder. Para proteger a si mesmo, sua forma de vida e o mundo em que se vive, é preciso fazer frente ao que pretendem justificar sua prepotência com a hipocrisia de que “fazem aos outros, o que gostariam que eles fizessem a elas”, quando tudo que fazem de fato é sugar e mandar que os outros façam para eles tudo o que eles querem.(…)

Legítimo, portanto não é pressupor que quem é violentado, encarcerado, torturado e escravizado, quem está passando por privações ou sofrimentos esteja concordando ou esteja conformado com sua condição, mas justamente o contrário. Legítima é a suposição que os povos submetidos aos monopólios dos meios vitais dos supremacistas da violência estão sim à espera de liberdade; a espera de uma oportunidade pra se livrar dos seus violentadores e privações. Legítima é a suposição de esperança por independência deste estado de pobreza, ignorância e servidão. A espera do momento para se livrar do estado mais pervertido da historia: o do mal necessário como bem estar social, a ditadura dos valores absolutos que predeterminam o bem para o impor como mal.

Legítimo é, portanto as pessoas em sociedades livres do mundo demandarem que os representantes dos seus cultos nacionais, religiosos e científicos celebrem e renovem periodicamente contratos sociais como cada um dos seus crentes, contratos que manifestem explicitamente o consentimento de cada um deles, não apenas sobre suas autoridades e governantes eleitos, mas a concordância com o sistema que o governa. Quem precisa justificar que as pessoas querer viver em seus estados distópicos, que elas aceitam seus dogmas, são aqueles que se arrogam representantes dos povos confinados nas fronteiras imaginárias do seu geopoder e saber. São eles, prepotentes e prepotências, que precisam apresentar o consentimento explícito de cada membro da população que ele rege que há concordância explícita não apenas com sua representação, mas com o regime de alienação dos seus bens naturais e meios vitais. Para poder viver novamente em sociedades livres, as pessoas não precisam provar como viveriam sem os monopólios da violência, mas para (pelo menos tentar) descriminalizar seus domínios, são os violentadores que devem provar que não exploram dementes ignorantes ou simplesmente pessoas pobres demais para ir contra eles.

O mais absurdo e perverso da cultura de dominação é a inversão de todos os valores. A estratégia de dominação do poder não é só a da lógica da ditadura realista, mas a do realismo absurdo: a inversão do ônus da prova contra as vítimas. Os supremacistas não só justificam descaradamente a violência dizendo que os violentados concordam com sua violação porque, não protestam e não reagem, mas são ainda mais canalhas: se contestados não só exigem que se demonstre alternativas viáveis ao seu poder da violência, como se arrogam o autoridade para julgar se estas alternativas são “razoáveis” ou não! O cúmulo do absurdo da violência supremacista é que ela se impõe como única realidade possível pelo próprio monopólio da violência. Não só desqualificando automaticamente qualquer proposta que não contemple a submissão ao seu monopólio como ilegal e irreal, como criminalizando e perseguindo toda proposta concorrente e divergente.

Mesmo que outras formas de vida e relação não existissem, mesmo que outros mundos possíveis além do monopólio da violência não fossem uma mentira; e mesmo que as pessoas não conseguissem mais viver fora dos cativeiros institucionais, ninguém jamais pode dizer: “quando você me apresentar outra forma de nos relacionar eu paro de te violentar”. O fim da violência como prerrogativa de estado não exige a apresentação de outro mundo possível, ela não é só o mundo possível, é o mundo necessário. (…)

Na verdade a palavra crime não é suficiente para classificar a perversidade deste sistema de autolegitimação da violência pela violência, nem a palavra conformismo é suficiente para qualificar quem aceita conscientemente a desqualificação da liberdade como irreal ou o monopólio de qualquer coisa como legal. Nada é mais insano do que legalizar a violência como estado afirmando que a realidade é violenta pela confirmação desta realidade com a prática da violência como estado. Isto não é apenas loucura, é perversidade. E é findando com qualquer pressuposição de legitimidade da violência, qualquer tolerância com os violentos ou validade da sua imposição ou racionalização ideológica que podemos dar o primeiro passo para sair do estado dela!

Não, a revolução não apenas é uma necessidade legítima, mas crescente. Porque em sua forma final, a lógica perversa do poder não é só supremacista, é totalitária; e não se contenta apenas em criminalizar a legítima defesa, precisa criminalizar a própria paz. Não pague para ver; no fim de toda crise sistêmica, há o massacre de pessoas de paz para salvar os domínios, dos monopólios da violência; Há o extermínio dos povos pacíficos e pela mais absurda, teratológica e nazistas das racionalizações criminosas: “quem não se defende contra seus agressores, quem que não luta pela sua autopreservação, não é gente, não merece viver, merece o holocausto”. Deixe a cultura do poder pela violência prevalecer e eles não irão apenas desqualificá-lo como gente ou subtrair seus meios de defesa e resistência, vão executá-lo por não resistir e reagir contra seu monopólio violento! Vão sentencia-lo a morte porque você não se levantou contra eles.

O poder não é só perverso e psicopático é um culto demoníaco. Ele não se contenta em fuzilar bombardear, queimar em fornos, envenenar e ainda dizer que a culpa é das vítimas. Ele declara guerra contra a paz e humanidade e diz que quem não está disposto a matar e violentar em nome do poder e dos todos poderosos não merece viver. Diz que quem morre sem erguer a mão contra seu inimigo, não é mártir, mas um covarde. Como se as pessoas fossem obrigadas a viver dentro da ditadura das guerras, confrontos e disputas e poder, como se todos que tivessem que estar presos na mesma egregora da discórdia. Não a paz não é a passividade diante da violência, nem o levante contra os inimigos é renegação dos estados de violência e suas disputas de poder. É a revolução contra a toda prerrogativa de violência e poder. A deposição da ordem perversa da discórdia suas corporações e fanáticos.

O problema da paz na terra não é de falta de alternativas pacíficas, mas a submissão do bem comum ao monopólio da violência, impedindo a emergência de qualquer alternativa concorrente de paz pela absurda inversão da exigência de renuncia a legítima defesa por parte dos violentados ao invés do fim imediato e incondicional da violência por parte dos violentadores! Não é preciso tomar nem redistribuir nada a força ou contra a vontade de ninguém, basta que o equilíbrio das forças seja retomado, pela distribuição simétrica de forças entre todos. E isto não é feito com armas ou sem, mas sim pela legítima defesa contra a violência da desigualdade de autoridades impostas como estado de segregação sobre o bem comum. Se negue a servir a qualquer comando de violência; proteja o que não deve ser objeto de posse de ninguém e você já está renegando a violenta centralização do poder.

O estado de paz não é apenas uma trégua entre os conflitos, mas a neutralização tanto das causas geradoras dos conflitos, quanto da centralização de poderes que permitem as agressões sem causa, com motivações falsificadas; ou absurdamente racionalizadas pela impostura de realidades alienantes. A resistência contra a violência do poder e privação das vocações e liberdades será dada pela legítima defesa da igualdade de autoridades para a garantia de liberdade fundamental pela provisão mútua de liberdades fundamentais como meios vitais. Porque se as forças estão distribuídas entre todas as pessoas, os poderes centrais perdem sua força de constrição pela privação, e as pessoas recobram os meios para sustentar a resistência e manter um equilíbrio de forças de paz através da garantia de liberdades fundamentais para todos.

(…) Deixe as pessoas viverem em paz e usufruírem livremente dos seus direitos naturais necessários a vida, que a violência e culturas primitivas de supremacia e idolatria como condição e prática desumana decairão por falta de territórios para cultivarem seus estados de pobreza e ignorância fabricada. Sem o subsídio da segregação dos direitos naturais, a centralização do poder decairá por obsolência e de fato pela mais natural de todas as seleções: a da harmonia solidária tanto para cooperar no necessário quanto para competir pelo demais.

A escravidão jamais será abolida meramente pela proibição da posse de um ser humano pelo outro, mas pelas garantias de que todos os seres humanos tenham o mesmo direito natural a liberdade- e não no papel, mas de fato. Da mesma forma a privação não será abolida por nenhuma proibição a posse exclusiva dos meios vitais, mas pela garantia de acesso a todos sem nenhum tipo de segregação aos meios vitais. A natureza não se protege proibindo sua posse exclusiva por alguém, a natureza não é propriedade de todos, mas de ninguém. A natureza não é propriedade para ser tomada ou consumida, seja para ter um meio ambiente seja para ter sua parte nos rendimentos básicos necessários, toda a pessoa tem direito de proteger a natureza com a mesma força necessária e proporcional com que defende sua autopreservação.

O poder só é monopólio, só é “mal necessário” e o “único provedor do bem” porque persegue e elimina toda a livre concorrência para a produção do bem comum e serviços sociais. O Estado é o cafetão que obriga a pessoa a se prostituir, e que quando ela diz que quer ir embora ele pergunta: mas como ela vai se proteger sem ele? O estado de poder é a justificação da violência pela própria privação dos meios necessários para se escapar dela, a desqualificação da liberdade como uma possibilidade real pela legalização da violência como meio de ameaça velada (e se necessário explícita) para impedir a independência das pessoas e dos povos.

Claro que jogar luz sobre a estratégia perversa e a lógica absurda do poder só libertará a consciência de quem quer se livrar da sua ignorância e perversidade. Os megalomaníacos possessivos-compulsivos, os tarados por ter e poder, os supremacistas preconceituosos e hipócritas não vão se converter em pessoas menos falsas e violentadoras apenas porque a sua farsa está nua. Contudo, sem suas máscaras politicamente corretas, os moralistas tem que ir para as ruas como são: se quiserem continuar a exercer a sua autoridade desigual contra a vontade de quem não consente, tem que largar seus disfarce de benfeitor e justo e assumir o que são: violentadores.

A manifestação da contrariedade obviamente não abole instantaneamente o estado de violência, mas ao expor os criminosos pervertidos que carecem do silêncio das vítimas e testemunhas, põe fim ao próprio estado de cegueira, de violência velada que alimenta o vácuo social necessário ao conformismo e alienação. Parece pouco, mas quando já não são mais os violentados que precisaram explicar porque estão fugindo, mas sim os supremacistas porque discriminam e perseguem os expropriados; quando não for mais preciso coragem não para ser livre, mas para ser um fascista e se impor violentamente contra a vontade de qualquer um, a egrégora do poder pode não estar deposta como organização criminosa, mas estará deposta como Estado. Quando o culto ao absoluto morre como cultura, a idolatria supremacista, o mito do estado de poder total se reduz ao que naturalmente é de fato: alucinação histérica.

Não senhores, não são as pessoas que querem viver e ser livres que precisam justificar e apresentar a prova do seu direito natural a liberdade e autopreservação. São os maníaco por poder que precisam apresentar a prova de como seus estados podem existir legitimamente sem a desigualdade de autoridades, sem a privação de liberdades fundamentais e, sobretudo sem a ameaça da violência das pessoas naturais. Quem precisa provar o seu caráter voluntário e legítimo, apresentar o consentimento explícito das pessoas que querem viver assim desnaturadas, para provar que não as estão violentando, são os idolatras sadomasoquistas do poder. São eles que precisam pedir autorização das pessoas naturalmente livres para conviver com elas; são eles que devem provar que não submetem e não desejam submeter ninguém a nenhuma violação; são eles que precisam provar que não pretendem privar ninguém dos seus meios naturais nem forçá-los a se submeter a sua ordem em troca do direito inalienável a subsistência ou defesa que monopolizam.

Se quem faz da violência a base da sua legitimação, tem sinceramente qualquer disposição de paz, precisa provar (se puder) que não impõe sua “violência legítima” sem a concordância explicita de cada pessoa que sofre com as consequências das suas ações ou sustenta seu sistema. Não é, portanto a revolução, ou o movimento de defesa da liberdade e libertação, que precisa de legitimação popular ou qualquer autorização estatal, é o Estado-Nação que se quiser deixar de ser uma farsa deve buscar imediatamente junto a cada habitante do território a autorização constantemente renovada sobre seu consentimento quanto a sua representação. São os Estados que se constituem pelo golpe da representação alienada de supostas vontades coletivas, que não só carecem de legitimidade e justiça, mas de reparação dos seus crimes.(…)

Se pessoas adultas querem por livre e espontânea vontade constituir um poder ou hierarquia capaz de violar seus direitos naturais que o façam, mas sobre si mesmas e suas propriedades particulares. Que deixem as outras em paz. Que não tentem tomar o espaço comum; ou privar ninguém do acesso à natureza ou usufruto dos meios vitais; que vivam e morram como quiser. Sem impor seu modo de vida e valores aos demais, sem tomar bens comuns ou meios vitais, sem forçar a adesão de ninguém a sua sociedade política-econômica, ou saída das dos outros, e, sobretudo sem impedir a participação direita de qualquer pessoa sobre o bem comum todos tem o direito de conviver livremente. Em suma, vivendo em paz todos tem o direito natural a liberdade de fato plena.(…)

Contratos de poder econômico ou politico não são apenas ilegítimos por princípios morais ou por suas consequências destrutivas, mas pura e simplesmente porque eles são nulos, não existem senão como golpe e falsificação. Qualquer cessão permanente do poder de decisão político ou econômico é equivalente à renúncia ao livre-arbítrio ou responsabilidade sobre a própria vida, algo que não é impossível de ser feito não por ordem social, mas por ordem natural: não há como se separar-se da própria anima, alienar-se definitivamente da livre vontade sem pôr um fim a própria vida. Podemos decidir não tomar decisão nenhuma ou decidir que outros decidam por nós, mas não podemos transferir nossa capacidade de decisão ao alheio. Simplesmente porque a vontade é inalienável.

A livre vontade não é propriedade. O que chamamos do fenômeno da vida, a anima que distinguem uma pedra de uma pessoa é rigorosamente essa força automotriz, a livre vontade. A livre vontade é a própria alma, a essência da vida. A vida pode ser morta, mas sua essência, a livre vontade, não pode ser tomada nem muito menos dada, não pode sequer ser definitivamente paralisada, não enquanto ainda se está vivo. Não é só quem finge representar uma vontade alheia que está mentindo, mas quem acredita que cedeu a sua vontade ao seu falso representante que está se engando. Não importa se ambos acreditam na sua mentira ou ilusão: O pacto é nulo. Não porque seja um contrato leonino, mas porque o contrato de venda ou renuncia da livre vontade, é um contrato de fausto, a celebração de um crime contra a natureza e o espírito da vida.

Um contrato de alienação política é, portanto nulo e duplamente falsificado: Primeiro, porque a desintegração do poder político e econômico é uma abstração e a reificação dos seres vivos um crime contra a natureza. Decisões políticas são sempre econômicas, e a economia é sempre política. Tanto o poder político quanto o econômico são determinados pela alocação de recursos. E ambos poderes não pertencem nem a quem detém mais recursos, nem a quem tem mais força para alocá-los; o poder pertence a quem predetermina quais são e de quem estes poderes e a quem pertence todo o resto: nós, todos os recursos, todos os seres vivos reduzidos a coisas. E Segundo, porque, rigorosamente uma pessoa pode até delegar decisões por um tempo indeterminado, mas não tem como ceder ao seu poder de decisão soberano sobre sua vida sem que possa a qualquer instante revogar unilateralmente essa concessão. A promessa sobre cessão da vontade futura é sempre nula porque a vontade não é apenas inalienável, ela é imprevisível, e instantânea, é soberana.

Assim como não há como forçar um alienado desinteligente e irresponsável a assumir suas responsabilidades nem comuns nem particulares, porque não existe responsabilidade sem volição; não há como, sem violência, impedir que uma pessoa dotada de livre vontade não venha a se tornar responsável e consciente quando passar a buscar voluntariamente a sua emancipação. A qualquer momento a mais irresponsável das pessoas ou a mais alienada das sociedades, pode simplesmente querer tomar conta da sua própria vida, e ninguém poderá se opor ao novo testamento soberano sobre a vida nem mesmo recorrendo aos anteriores, não sem crime. O direito natural a emancipação e vocação e soberania sobre sua própria vida não pode ser impedida sem crime contra a vida e liberdade da pessoa humana, nem a negação do direito a autodeterminação dos povos e pessoas sem crime contra a humanidade.

A única pessoa que pode legitimamente sacrificar ou mesmo pôr um fim a sua vida é a própria pessoa. E a única morte que se pode assistir ou dar assistência sem omissão ou cumplicidade é a requerida por aquele que consciente pede um fim digno para sua vida. O direito a vida e a morte não pertencem aos outros, e, portanto em hipótese alguma os meios necessários para sua preservação ou extermínio. O direito a vida, seja como anima seja como fato, não é objeto de concessão nem benesse, não tem preço nem gratuidade, simplesmente não é propriedade para ser dada nem tirada, condicionada ou alienada. E contra aqueles que pensam que se arrogam o poder sobre a vida e natureza de todos, que privam as pessoas das suas condições mais fundamentais toda força necessária não é apenas legítima defesa, não é apenas revolução é justiça. -REVOLUÇÃO1

--

--

Marcus Brancaglione

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.